Reflexão do Evangelho de Lc 14, 25-33 - Renunciar ao que temos de mais caro - Quarta-feira 05 de Novembro
Reflexão do Evangelho
de Lc 14, 25-33 - Renunciar ao que temos de mais caro
Quarta-feira 05 de Novembro
Multidões,
movidas pelo desejo de unidade e de amor, dirigem-se a Jesus. Pouco a pouco,
muitos de seus ouvintes irão compreender que segui-lo significa nascer do alto
para uma vida nova em Deus. Realidade esta que abarca a pessoa toda, não só o
seu exterior, pois os ensinamentos do Mestre a transformam e a iluminam,
colocando-a integralmente a serviço do Reino. Diz Jesus “Se alguém vem a mim e
não odeia pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não
pode ser meu discípulo”.
Tais
palavras não visam aplacar “a cólera” de Deus ou satisfazer a justiça divina, mas
simplesmente expressar, segundo o modo de falar semítico, uma adesão total a Ele
e ao Reino. Nesse sentido, São Basílio observa que “ao falar do ódio, Jesus não
deseja despertar em nossos corações tramas e insídias, mas quer conduzir-nos à virtude
da piedade e a rejeitar a voz dos que nos desejam desviar dos ensinamentos
divinos”. No presente contexto, o verbo odiar significa “ter em menos conta” e
realça o enfático apelo do Mestre para que os discípulos não considerem as
realidades do mundo como valor supremo da vida, mas que eles se enamorem do
bem, da verdade e da luz, abandonando o mal, a mentira e as trevas. Então,
guiados pela verdade e penetrados pelo amor divino, eles hão de se entregar à
palavra de Deus e amar, em profundidade e santamente, seus parentes e
familiares, seus irmãos e semelhantes.
E não só. Um autêntico hino de louvor à liberdade
brota do coração dos discípulos, transportando-os ao coração amoroso de Jesus, que
lhes transmite o poder de amar a todos, familiares e até os próprios inimigos. A
exigência, tida como dura, torna-se expressão de sua infinita misericórdia, vivida
no martírio de cruz, impelindo-os a abrir o coração ao seu veemente apelo: “Quem
não carregar a sua cruz, quem não renunciar a si mesmo, não pode ser meu
discípulo”. Em outras palavras, o caminho para o discípulo chegar ao Reino
passa pela vitória sobre si mesmo, e se concretiza no serviço, livre e
despretensioso, a Deus e aos irmãos.
Dom Fernando Antônio Figueiredo,
o.f.m.
Comentários
Postar um comentário