Reflexão do Evangelho - Lc 18, 35-43 - Cura do cego de Jericó - Segunda-feira 17 de Novembro

Reflexão do Evangelho
Lc 18, 35-43 - Cura do cego de Jericó
Segunda-feira 17 de Novembro
      
       Seguidos por uma multidão, Jesus e os Apóstolos aproximam-se de Jericó. Sentado à beira do caminho, um cego chamado Bartimeu pedia esmola. “Ao ouvir que era Jesus, o Nazareno, que passava, começou a gritar: Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim!” Os peregrinos, que caminhavam rumo a Jerusalém, sentem-se perturbados. Embora ameaçado, o cego percebe que o momento é aquele, momento da graça divina. Por isso, persiste e, deixando a sua veste, “deu um pulo e foi até Jesus”. Segundo S. Beda, esse fato “simboliza a Igreja primitiva dos gentios, os quais, almejando a luz de Cristo, seguem os ensinamentos do Evangelho desnudos, isto é, despidos dos poderes do mundo, o que os torna merecedores da posse do tesouro eterno no céu”.
        O grito confiante do cego atrai a atenção de Jesus. Ele não passa ao largo, mas detém-se e pergunta-lhe: “O que queres que eu te faça?”. Trêmulo no corpo, firme no espírito, ele responde: “Senhor, que eu possa ver novamente”. Se antes, ele clama ao Filho de Davi, o Messias, agora ele o chama de Senhor. Verdadeira profissão de fé. Realiza-se então o instante tão esperado e desejado por ele, o Senhor o cura devolvendo-lhe a vista e, em sua bondade misericordiosa, livra-o também da cegueira espiritual: a luz divina penetra e envolve o seu ser.
 Abriram-se seus olhos corporais, também “o olho interior”, pois tudo depende da real liberdade da fé. A propósito disso, escreve Clemente de Alexandria: “O cego recebe a Cristo, recebe o poder de ver, recebe a luz, o Logos eterno de Deus”. E pondo-se em lugar do cego, diz ele: “Pois até agora eu me encontrava errante buscando a Deus, mas, como tu me iluminaste Senhor, encontrei não só a Deus através de ti, mas também por ti recebi o Pai e transformei-me em teu coerdeiro, e tu não te envergonhas de teu irmão”.  E, examinando-se, conclui: “Ponhamos fim ao esquecimento da verdade, rechaçando a ignorância e a treva, que nos impedem a visão espiritual. Contemplemos a verdade de Deus”.  
        O episódio bíblico se encerra com as palavras consoladoras de Jesus: “Vai, a tua fé te curou”. O cego dá glória a Deus e, como os anjos em Belém, anuncia que Jesus é o Filho de Davi, Senhor. Pasmos e extasiados, reconhecemos que, movido pelo sopro vital, proveniente do insondável abismo do amor e da sabedoria de Deus, ele assumiu sua finitude e, pela fé, abriu o seu coração à misericórdia divina; “e ele o seguia pelo caminho, glorificando a Deus”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.

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