Reflexão do Evangelho- Lc 19, 1-10 - O chamado de Zaqueu - Terça-feira 18 de Novembro
Reflexão do Evangelho
Lc 19, 1-10 - O
chamado de Zaqueu
Terça-feira 18 de Novembro
Jesus entra na cidade de Jericó. Uma multidão acotovela-se e se comprime
ao seu redor. Um homem, chamado Zaqueu, de pequena estatura, deseja vê-lo. Publicano,
recolhedor de impostos, ele não era benquisto pela população, que o via a
serviço dos dominadores romanos. Ninguém lhe cede lugar. Então, ele corre à
frente e, com persistência, tenacidade e muita decisão, sobe numa árvore junto
ao caminho, gesto interpretado como um ato deliberado e livre que o situa acima
das amarras da riqueza e dos bens materiais. S. Cirilo de Alexandria comenta: “Não
há outro modo de ver Jesus a não ser subindo no sicômoro”.
Ao longo do Evangelho,
S. Lucas testemunha o apelo dirigido por Jesus a todos, homens e mulheres,
pobres e ricos. Agora, levantando os olhos, Ele vê aquele pequeno homem muito
rico, pendurado entre os galhos do sicômoro, e diz-lhe: “Zaqueu, desce
depressa, porque hoje devo hospedar-me em tua casa”. Chama-o pelo nome,
indicando que Deus se recorda dele, com misericórdia. “O mal, observa S.
Ambrósio, não está nas riquezas, mas no fato de não usá-las bem”. Em Jesus, não
é Deus que se reconcilia com Zaqueu, mas convidando-se para ir à sua casa,
Jesus lhe concede o dom gratuito da justificação e ele passará a viver de
acordo com o significado de seu nome, “o puro”.
O relato do encontro
com Zaqueu vem logo após o milagre da cura do cego, sugerindo uma correlação
entre ambos. A propósito, escreve S. Ambrósio: “Zaqueu subiu ao sicômoro, o cego
permanece à beira do caminho. O Senhor olha o cego demonstrando sua compaixão e
engrandece o outro com o esplendor da sua visita; interroga um porque deseja
curá-lo, vai à casa do outro, sem ter sido convidado, pois sabia quão grande
era a recompensa para quem o hospedasse. Zaqueu, embora não tivesse ainda ouvido
a sua oferta, já sentira o seu afeto”. As palavras de Jesus chegam a Zaqueu,
como mais tarde ao bom ladrão: “ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Receber
Jesus em sua casa ou entrar em seu Reino atesta o mesmo e único mistério de
união com Jesus. S. Agostinho entende que Jesus fez esse convite para mostrar
“que, tendo acolhido Zaqueu no coração, condescendeu ser hóspede em sua casa
para infundir-lhe a graça da salvação”.
Zaqueu nasceu para uma
vida nova. A conversão leva-o a dar mais do que a lei exigia, ele dá a metade
de seus bens aos pobres e usa a outra metade para reparar o dano causado aos que
ele tinha defraudado. Embora desprezado pelo povo, acusado de ser um pecador
perdido, Jesus o torna “filho de Abraão”, ele e sua casa tornam-se objeto da
promessa de salvação. O Inefável bate à porta do seu coração e uma certeza se
impõe a ele e a todos nós: inesperadamente e sempre, Jesus vem ao nosso
encontro para conviver conosco. Desde já, é-nos dado participar das alegrias
eternas ou, no dizer de S. Cipriano, tomar posse do paraíso perdido.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, o.f.m.
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