Reflexão do Evangelho - Lc 16, 9-15 - Deus e o dinheiro - Sábado 08 de Novembro
Reflexão
do Evangelho
Lc
16, 9-15 - Deus e o dinheiro
Sábado
08 de Novembro
Jesus não está à procura de servos, mas sim
de irmãos ou de amigos que tenham por Ele um amor desinteressado. Espera porém de
quem o segue uma decisão firme, livre e sincera. Nesse sentido, Jesus coloca o
discípulo diante da escolha entre Deus e o dinheiro, ele deve optar por um senhor
ou por outro, pois “ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e
desprezará o segundo. Não se pode servir a Deus e ao dinheiro”. Caso não se
decida, ele permanecerá ansioso e dividido no seu interior. Aliás, o termo
“ansioso” significa “ter duas mentes” e reflete o fato de alguém sentir-se
inseguro, inquieto e indeciso. Nesse caso, o medo o assalta e, em meio a dúvidas
e incertezas, ainda que queira se submeter a Deus, ele por vezes sucumbe e não
deixa de alimentar o desejo de viver segundo os padrões de uma mentalidade
mundana.
Os
contrastes se revezam e obrigam o discípulo a tomar uma decisão, por um ou por
outro mestre. Mestre é aquele que comanda o modo de pensar e os ideais de quem
o segue, e chega mesmo a controlar seus desejos, ditando os valores norteadores
de sua vida. Urge decidir-se. Ou se tem Deus em primeiro lugar ou o dinheiro, as
posses, ou, ainda, as paixões desordenadas. Aos ouvidos do discípulo, a voz de
Jesus soa como um desafio.
Logo
a seguir, Jesus volta a repetir: “Deus ou a mamona” (Mamon, deus da fortuna
para os gregos). Em sentido semítico tardio, o termo mamona designa
“propriedade, dinheiro, posses”. Jesus visa afastar do coração do discípulo a ansiedade
e a dubiedade para que, livre de toda inquietação (mérimna, preocupação), ele
possa alcançar a serenidade e a tranquilidade de espírito, na certeza de que seu
verdadeiro tesouro encontra-se nas bênçãos do Pai, atento a cada passo seu e
que conta “até os cabelos de sua cabeça”. O medo e a insegurança esvaecem-se e
o discípulo é impelido a abrir o seu coração e os seus pensamentos ao amor
misericordioso do Pai, em quem ele confia totalmente. Caso contrário, comenta S.
João Crisóstomo, “se Deus nos abandonasse, nada subsistiria e pereceríamos
todos inevitavelmente com as nossas preocupações, inquietudes e fadigas”.
A
mensagem do Senhor é clara: quem serve a Deus não pode fazer da riqueza o fim
supremo de sua vida, mas há de tê-la como meio para promover o bem do maior
número de pessoas. Ela é sempre uma responsabilidade para com os pobres e
abandonados da comunidade, denominados, por S. Gregório de Nissa, “ecônomos de
nossa esperança, guardiães do Reino que abrem as portas aos justos e as fecham
aos maus e egoístas”.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.
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