Reflexão do Evangelho - Domingo 03 de Maio
Reflexão do Evangelho
Jo 15, 1-8 - A
verdadeira vide
Domingo 03 de Maio
Atentos
e surpresos, os Apóstolos ouvem Jesus que, sem traços de legalismo, lhes fala
de uma fé que exclui todo temor. Como era costume seu, Ele extrai da vida, do
dia a dia, exemplos que chegam ao coração dos ouvintes. Assim, sem recorrer a
ideias abstratas, Ele utiliza a alegoria da videira, que para os judeus simbolizava
a comunidade de Israel e sugeria, muitas vezes, a ideia de paz e felicidade. Porém,
para espanto dos discípulos, Ele não se refere à vinha, mas a uma vide, ou
seja, a um simples pé de uva. Ele o faz para exprimir a união existente entre o
tronco e os ramos, ou seja, entre Ele e os discípulos. Aliás, quem não se
admira ao ouvir essas suas palavras, que expressam a ideia de circulação da
vida divina, que proveniente dele se transfunde a todos os que acolhem seus
ensinamentos e aderem à sua pessoa!
Ao
Pai cabe o cultivo da vinha. Se um ramo não produz frutos, é cortado e lançado
fora, mas aquele que produz fruto é podado para produzir ainda mais. A poda, no
entanto, já se deu. Coincide com a nossa decisão, pois quem o acolhe, diz Ele, “permanece
em mim, e eu nele”. Eis a união mística, união de amor do Cristo com os discípulos,
que, incluídos nele, são introduzidos no espaço divino da comunhão com o Pai.
Realiza-se assim o sonho do povo judeu: o estabelecimento da morada (shekiná)
de Deus, santuário do seu amor, no meio do seu povo. Descrição reforçada pelas
expressões de reciprocidade: “vós em mim” e “eu em vós”.
No
entanto, naquele tempo, como hoje, muitos não creem verdadeiramente em Jesus e negam
essas suas palavras. Mas Jesus não volta atrás. Com insistência, Ele reitera: “Crede
em Deus... crede também em mim”. Ora, os que lhe são fiéis permanecem em
comunhão com Ele e, incluídos em sua vida, amam-no com o mesmo amor com que Ele
os ama, o que leva S. Agostinho a exclamar: “Ele jamais poderia ser a videira, caso
não fosse homem. Mas Ele não poderia comunicar sua força aos ramos caso não
fosse também Deus”. Também nós, permanecendo nele, somos efetivamente seus
discípulos e já não podemos viver sem, no seu amor, amar o mundo circunstante
humano, num amor comprometido, amor de aliança.
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