Reflexão do Evangelho - Sexta-feira 15 de Maio

Reflexão do Evangelho
Jo 16, 20-23 - Ninguém vos tirará vossa alegria
Sexta-feira 15 de Maio

       Perante a possibilidade da morte, exposto à presença do nada, o homem se sente angustiado. Pois mesmo na duração breve da vida, perdem-se numa bruma indistinta o início e o final de sua existência terrena. O mistério da morte o supera e parece ameaçá-lo a cada instante. Foi o que sentiram os Apóstolos ao ouvirem Jesus anunciar a sua paixão e morte. Mas a voz do Senhor lhes transmite algo que lhes toca o coração e vem ao encontro de um profundo anseio: Ele fala de ressurreição ou imortalidade como o grande futuro do homem. No entanto, sem compreenderem bem as palavras do Mestre, eles vacilam e perguntam-se: seria a ressurreição o mesmo que revivificação do corpo?
Percebendo a indecisão deles, Jesus os consola e leva-os a pressentir que a ressurreição é uma autêntica nova criação de Deus. Segundo a mentalidade semítica, eles imaginam a sobrevivência não só em seu espírito, mas do homem todo inteiro. Se a ruptura, causada pela morte, lhes trouxe angústia e tristeza, a mensagem pascal de Jesus lhes comunica alegria e paz. A palavra firme e sincera do Senhor os situa no infinito horizonte do amor e da misericórdia de Deus, e incute-lhes a certeza de que, desde já, cresce e madura neles uma vida plena. Mais tarde, S. Agostinho dirá que “uma via sem eternidade é indigna do nome de vida. Verdadeira vida é só a vida eterna”.   
Nesse sentido, atento aos sentimentos de seus discípulos, que hão de se entristecer com a sua morte e o término de sua missão terrena, Jesus lhes diz: “Chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará”. Mas não deixa de consolá-los. Por isso acrescenta: “Mas a vossa tristeza se transformará em alegria”. É a “perfeita alegria”, nas palavras de S. Francisco de Assis.  

Os Apóstolos revivem o momento glorioso da transfiguração de Jesus no monte Tabor. O momento presente, cheio de aflição e tristeza, torna-se prelúdio da alegria definitiva em Deus, quando então eles serão transfigurados e totalmente realizados. Momento sublime para além das limitações espácio-temporais, em que o ser humano, na comunhão com os seus semelhantes, alcança sua integridade e vive a alegria serena (apátheia). É a autêntica nova criação de Deus. S. Hilário de Poitiers dirá: “Por meio da fé, sou chamado a um novo nascimento. Do alto, obtenho a regeneração. Por isso, estou seguro de não ser reduzido ao nada”. 

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