Reflexão do Evangelho - Quinta-feira 28 de Maio
Reflexão do Evangelho
Mc 11, 11-26 - Cura do cego de Jericó
Quinta-feira 28 de Maio
Seguidos por uma multidão, Jesus
e os Apóstolos aproximam-se de Jericó. Sentado à beira do caminho, um cego chamado
Bartimeu pedia esmola. “Ao ouvir que era Jesus, o Nazareno, que passava,
começou a gritar: Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim! ” Os peregrinos,
que caminhavam rumo a Jerusalém, sentem-se perturbados. Embora ameaçado, o cego
percebe que o momento é aquele, momento da graça divina. Por isso, persiste e, deixando
a sua veste, “deu um pulo e foi até Jesus”. Segundo S. Beda, esse fato
“simboliza a Igreja primitiva dos gentios, os quais, almejando a luz de Cristo,
seguem os ensinamentos do Evangelho desnudos, isto é, despidos dos poderes do
mundo, o que os torna merecedores da posse do tesouro eterno no céu”.
O grito confiante do cego atrai a
atenção de Jesus. Ele não passa ao largo, mas detém-se e pergunta-lhe: “O que
queres que eu te faça? ”. Trêmulo no corpo, firme no espírito, ele responde: “Senhor,
que eu possa ver novamente”. Se antes, ele clama ao Filho de Davi, o Messias,
agora ele o chama de Senhor. Verdadeira profissão de fé. Realiza-se então o instante
tão esperado e desejado por ele, o Senhor o cura devolvendo-lhe a vista e, em
sua bondade misericordiosa, livra-o também da cegueira espiritual: a luz divina
penetra e envolve o seu ser.
Abriram-se seus olhos corporais, também “o
olho interior”, pois tudo depende da real liberdade da fé. A propósito disso,
escreve Clemente de Alexandria: “O cego recebe a Cristo, recebe o poder de ver,
recebe a luz, o Logos eterno de Deus”. E pondo-se em lugar do cego, diz ele: “Pois
até agora eu me encontrava errante buscando a Deus, mas, como tu me iluminaste
Senhor, encontrei não só a Deus através de ti, mas também por ti recebi o Pai e
transformei-me em teu coerdeiro, e tu não te envergonhas de teu irmão”. E, examinando-se, conclui: “Ponhamos fim ao
esquecimento da verdade, rechaçando a ignorância e a treva, que nos impedem a visão
espiritual. Contemplemos a verdade de Deus”.
O episódio bíblico se encerra com as palavras
consoladoras de Jesus: “Vai, a tua fé te curou”. O cego dá glória a Deus e,
como os anjos em Belém, anuncia que Jesus é o Filho de Davi, Senhor. Pasmos e
extasiados, reconhecemos que, movido pelo sopro vital, proveniente do insondável
abismo do amor e da sabedoria de Deus, ele assumiu sua finitude e, pela fé, abriu
o seu coração à misericórdia divina; “e ele o seguia pelo caminho, glorificando
a Deus”.
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