Reflexão do Evangelho - Sexta-feira 08 de Maio

Reflexão do Evangelho  
Jo 15, 12-17 - Amai-vos como eu vos amei
Sexta-feira 08 de Maio

       Na última Ceia, Jesus realiza a união de seus seguidores com Ele, o Filho de Deus encarnado. Precisamente assim, para perpetuar sua presença entre aqueles que o amam, Ele toma o pão e o vinho e diz: “Isto é o meu Corpo, este é o cálice do meu Sangue. Fazei isto em memória de mim”. Antes, num gesto que surpreendeu a todos, cingiu-se de uma toalha e lavou os pés dos Apóstolos, recomendando que também eles lavassem os pés uns dos outros. Inicia-se o mistério de sua entrega total ao Pai para a redenção da humanidade, mistério que será consumado na sua crucifixão. O reino do amor é instaurado e a escravidão do pecado e da morte é dissolvida.
Na cruz, de suas chagas brota nova vida para toda a humanidade; e de seus braços abertos e transpassados refulge a luz do perdão e do verdadeiro amor, que ilumina a todos, sem restrição. Colocando nos lábios de Jesus o salmo 117, 24: “Este é o dia que o Senhor fez para nós”, S. Gregório de Nissa exclama: “Dia muito diferente dos que foram estabelecidos desde o início da criação do mundo e medidos pelo decurso do tempo; este dia é o início de uma nova criação”. 
Na oração sacerdotal da Ceia pascal, após entregar-se à vontade de amor do Pai, Ele roga pela unidade de todos. Na sexta-feira santa, rodeado apenas pelos soldados e dois ladrões, cumprem-se as palavras proféticas: “Como Filho e herdeiro do Pai, eu liberto os homens da escravidão, eu transformo a lei que condena em graça que justifica” (S. Cirilo de Alexandria). O Filho de Deus bebeu o seu cálice até a última gota. Os céus se turvaram e um último suspiro se eleva de sua alma: “Pai em vossas mãos entrego o meu espírito”. Sobre a cruz, são vencidos os poderes da inimizade e as portas da eternidade são abertas para os que vivem o seu amor.

O silêncio dominava o Calvário. Ao lado da cruz, apenas Maria e alguns discípulos. O ar estava pesado e eles ouviam no interior de seus corações a voz do Mestre que os tinha chamado de “amigos”. Então compreenderam o significado daquele instante: derramando seu sangue, Ele confirmava sua amizade (philia) e selava sua eterna aliança de amor (ágape). O centurião, que ouvia suas últimas palavras e observava seu rosto sereno, exclama: “Na verdade, este homem era o Filho de Deus”. É a vitória sobre as forças das trevas, é o triunfo da Verdade do amor, mandamento impresso na alma dos discípulos: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!” 

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