Reflexão do Evangelho de Domingo 09 de agosto

Reflexão do Evangelho de Domingo 09 de agosto
Jo 6, 41-51 - Eu sou o pão da vida
                              
        Ao lado de Jesus, aglomera-se uma multidão. De modo claro e singelo, Ele acaba de afirmar: “Eu sou o pão da vida”. As pessoas se entreolham e um murmúrio se eleva. Sobretudo porque a estas palavras Jesus acresceu uma referência ao maná dado por Moisés, no deserto, que “vossos pais, diz Ele, comeram e, no entanto, morreram”. Ao contrário, o pão, ao qual Ele se refere, desceu do céu e é garantia de vida eterna, pois quem dele comer não morrerá. A admiração de todos é grande. Diante dessas palavras, muitos, inclusive os Apóstolos, ficam profundamente chocados com o realismo das palavras do Mestre. Alguns lembravam as palavras ditas em Nazaré: “Não é Ele o filho do carpinteiro? ” Por que está agora dizendo que desceu do céu? Sentiam-se enganados quando o ouvem dizer que lhes daria sua carne para comer. Como é possível? Como entender estas suas palavras?
        Para os ouvintes, à primeira vista, elas refletem uma inaudita ousadia, sugerem ser Ele o segundo e perfeito Moisés, em quem se realizará a totalidade da salvação, ou seja, a entrada definitiva na Terra Prometida. Seus ouvintes o interpretam ao pé da letra. Jesus, porém, não pensa na restauração do reino de Israel, mas sim na realização última e perfeita da nova aliança com o Pai, memorada pela Eucaristia, o pão vivo, que anuncia e realiza a nossa adesão à ação salvadora de Deus.         

        Perplexos, os Apóstolos cochicham entre si: “Estas palavras são difíceis; quem pode entendê-las? ” Percebendo o que se passava em seus corações, Jesus procura explicar que suas palavras não se reduzem ao sentido literal e à nossa finitude humana, pois “o que eu vos disse são espírito e vida. Mas também entre vós há quem não crê”. Com essas palavras Ele se refere ao “pão do céu”, ao “pão da vida”, e deseja avivar no coração de seus discípulos a fé, fonte de vida nova. No espaço da liberdade interior, Ele os conduz a participar de uma vida duradoura e imortal. Mais tarde, S. Inácio de Antioquia, a caminho do martírio, proclama que pela Eucaristia sua vida se orienta “para a eternidade”, não no sentido de ela ser um mero prolongamento da vida terrena ou um “descanso eterno”, mas participação de uma vida nova, que o situa na própria órbita da vida divina. S. Ambrósio diz por sua vez: “Quem come a vida não pode morrer. Ide a Ele e saciai-vos, porque Ele é o pão da vida. Ide a Ele e sereis iluminados, porque Ele é a luz. Ide a ele e vos tornareis livres, porque onde está o Espírito do Senhor lá está a liberdade”.  Deus feito homem incluiu em sua vida toda a nossa finitude, toda a nossa condição limitada e de morte, para tudo plenificar com a sua luz e glória.

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