Reflexão do Evangelho de Domingo 16 de agosto

Reflexão do Evangelho de Domingo 16 de agosto
Lc 1,46-56 – Magnificat
                       
Ao iniciar o relato da visita de Maria à sua prima Isabel, com a expressão “naqueles dias”, S. Lucas remete os leitores às origens da fé cristã. Delineia-se assim o quadro de uma jovem que ouve a Palavra de Deus e com toda prontidão vai à casa de sua prima Isabel para servi-la. Unem-se os destinos das duas mães, Maria e Isabel, e de seus filhos, Jesus e João Batista. Os campos por onde passava Maria se iluminavam, e ela “seguia no passo alegre da obediência e na agilidade do temor de Deus” (S. Bento). S. Ambrósio dirá que “ela é movida pela alegria de servir, levada pela piedade em cumprir seu dever de parente e pela pressa do júbilo. Repleta de Deus, como não alcançaria vivamente os cumes da caridade? O dom do Espírito Santo ignora toda demora! ”
        Ao ver Maria, os olhos do coração de Isabel se abrem e ela vislumbra na fina luz do entardecer uma claridade radiante e luzente. Então, da prima que chegava brotaram algumas palavras, saudação, que fizeram estremecer o filho que ela trazia em seu seio, e “ela ficou cheia do Espírito Santo”. Eis o dom de Deus, o seu dom precioso, que, ao envolvê-la, santifica seu filho, João Batista! Mais tarde, o místico alexandrino, Orígenes proclama: “A voz da saudação de Maria, que chega aos ouvidos de Isabel, plenifica João com o Espírito Santo, ele estremece e a mãe se torna como que a boca do filho. Profetizando, ela exclama: ‘Tu és bendita entre as mulheres, e o fruto de teu ventre é bendito’”.
Então, um cântico ardente que lhe vinha do coração se eleva, e Maria entoa o Magnificat, um dos mais belos hinos da Bíblia. Expressão da alegria de Maria, que agradece a benevolente ação de Deus, e o louva por ter Ele se dignado olhar para ela, pequena e humilde criatura. Portadora de Jesus, também do Espírito Santo, tanto na Visitação, quanto em Pentecostes, ela atribui toda glória a Deus, autor da maravilha que nela se realiza e, através dela, na humanidade toda inteira. Porta-voz dos humildes e pobres, ela entoa a ação de graças por todos os benefícios concedidos pela divina misericórdia.

 À mesma hora, Isabel proclama ser Maria “a Mãe de meu Senhor” e Jesus, ainda no seio materno, revela-se Pessoa em comunhão: santifica João Batista com “o fogo” de sua divindade. Dia memorável, dia da incomparável intervenção divina na história da humanidade; dia em que o Infinito entra no mundo finito para chamar à casa do Pai e restaurar na dignidade de filhos de Deus a humanidade toda inteira. 

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