Reflexão do Evangelho de Quarta-feira 19 de agosto

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira 19 de agosto
Mt 20, 1-16 - Parábola dos trabalhadores da vinha
       
        Logo no início da parábola dos trabalhadores da vinha, Jesus compara o Reino dos Céus com o vinhateiro, que paga seus trabalhadores com generosidade. A vinha de Deus é Israel, povo por Ele escolhido, multiplicado, transferido para a Terra Prometida e por Ele protegido. O vinhateiro sai em diferentes horas do dia para contratar operários, o que simboliza a história da humanidade em seus múltiplos períodos. Ao fim da jornada de trabalho, a atitude do vinhateiro é a tradução da misericórdia de Deus, como comenta São Cirilo de Alexandria: “É dada a mesma importância em pagamento pelo trabalho realizado”. Não importa o tempo empregado. A paga ou a recompensa é “a graça do Espírito Santo”. Em seu amor, Jesus nos introduz, de modo simples e penetrante, na extraordinária generosidade e compaixão de Deus por todas as pessoas, de todos os tempos.
        Pela leitura da parábola, é fácil deduzir que a falta de trabalho significa não ter alimento à mesa familiar. Daí a compaixão do dono da vinha. Caso contrário, os trabalhadores voltariam para casa sem o necessário para o sustento de sua família. Porém, examinando o relato sob o ângulo da justiça, torna-se compreensível a reação dos que chegaram à primeira hora e trabalharam mais do que os outros. Parece-nos natural que eles se sintam lesados ou injustiçados. Mas, talvez, o maior motivo da revolta seja a não aceitação dos direitos e privilégios daqueles que chegaram à última hora. A parábola procura exatamente destacar este aspecto para realçar a inveja, pois ela faz ter, no dizer de Jesus, “o olho mau”.
        A intenção da mensagem transmitida pelo Senhor é levar os da primeira hora, o povo judeu, à compreensão do mistério da salvação, dádiva que Deus, em sua inefável generosidade, está sempre disposto a conceder a todos. Ao contrário dos fariseus, que estabeleciam uma equivalência rigorosa entre a observância da Lei mosaica e a retribuição divina, Jesus mostra que a relação entre Deus e os homens se estabelece pelo amor, e não pelo mérito do cumprimento da Lei. A liberdade de Cristo, em seu relacionamento com os pecadores e pagãos, era chocante e inadmissível aos olhos deles, e esse foi um dos motivos que o levou à crucificação.

        A parábola reflete assim a surpreendente generosidade de Deus, que Jesus chama de Abba, um Pai que qualquer pessoa pode encontrar, com quem ela pode confidencialmente falar, um pai que a ama e aguarda o seu amor. Jesus é a paz, a doçura, a simplicidade; é o amor impresso, de modo indelével, nas mãos, nos pés e em seu lado aberto. Nele não há espaço para exclusão, todos são filhos e filhas amados de Deus, todos são chamados a trabalhar na mesma vinha, o mundo, e a receber o mesmo salário: a salvação eterna.

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