Reflexão do Evangelho de Terça-feira 18 de agosto
Reflexão do Evangelho
de Terça-feira 18 de agosto
Mt 19, 23-30 - O perigo
das riquezas
No
diálogo de Jesus com o jovem rico, os Apóstolos viram como este reagiu diante
das palavras misericordiosas do Senhor. O jovem, diz S. Agostinho, “não entendeu
que o supérfluo, que possuía, era necessário ao pobre” e, por estar apegado aos
bens materiais, não segue mais de perto o Mestre. O impetuoso Pedro, admirado, pergunta:
“Eis que nós deixamos tudo e te seguimos. O que é que vamos receber? ” Sem
recriminá-lo por sua expectativa de retribuição, Jesus confirma o que tinha
dito e convoca os Apóstolos a estarem livres para Deus. “Deus só e em primeiro
lugar”.
Diante
deles, descortinam-se as muralhas de Jerusalém, mais exatamente, uma de suas
portas, chamada de “olho (buraco) da agulha”, que dava acesso à cidade. Ela é
estreita e os camelos para passarem por ela deviam se abaixar, tanto mais
quanto maior a carga que transportavam ou quanto mais rico fosse o
proprietário. Quão difícil, comenta Jesus com seus discípulos, é para os que
têm riquezas entrar no Reino dos Céus. É necessário estar livre das cargas dos
tesouros terrenos. Os discípulos ficam estupefatos, talvez por esperarem alguma
retribuição ou algum privilégio, e disseram: “Quem poderá então salvar-se? ”. A
riqueza pode constituir uma dificuldade, mas nada é impossível para Deus. A
graça divina supera os obstáculos, de tal modo que a ninguém é vedado alcançar
o Reino dos Céus. Todos são instados a tornar o seu corpo, no dizer de Evágrio,
“ligeiro, alegre, munido de asas”, pois ao homem não lhe é dado saborear a lei
do Senhor antes de se libertar do apego aos bens materiais. Ou, seguindo a
imagem utilizada por Jesus, para passar pela porta estreita é preciso
abaixar-se, doar-se e ir ao encontro do outro, mover-se na prática das obras de
misericórdia.
Voltando-se
para Pedro, sem rodeios, Ele acrescenta: “Em verdade te digo, tu deixaste tudo
por causa de meu nome, na renovação de todas as coisas (palingenesia=
recriação), receberás muito mais e herdarás a vida eterna”. E com uma palavra
consoladora, segreda-lhe: “E receberás o cêntuplo ainda neste mundo”. S.
Jerônimo busca desvendar o sentido dessas palavras: “Ele fala dos bens
espirituais, cem vezes mais preciosos do que tudo o que se pode imaginar de
carnal”.
Todavia, essa renúncia
total aos bens terrenos, não é apresentada como condição indispensável para a
salvação; imprescindível é servir ao próximo, fazendo uso das riquezas para
aliviá-lo do sofrimento e da miséria. O mal não é o fato de ter, mas o de ser escravo
dos bens materiais. O anúncio de Cristo é anúncio de salvação, de um novo
começo, de uma nova vida em seu amor dadivoso, gratuito e despretensioso. No
mundo, uma originalidade de dois mil anos, pois que apenas evangélica.
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