Reflexão do Evangelho de Domingo 30 de agosto
Reflexão do Evangelho
de Domingo 30 de agosto
Mc 7, 1-13. 14.23 - Discussão
sobre as tradições farisaicas
Os
pensamentos dos que estão ao seu redor e as considerações evasivas que fazem
não passam despercebidos, pois Jesus conhece “até suas intenções interiores
mais profundas” (S. Clemente de Roma). Por isso, firme e suavemente, Ele leva seus
discípulos a se desprenderem das práticas farisaicas, meramente exteriores e
insuficientes, impostas ao povo, qual fardo insuportável. De fato, por
atribuírem o máximo valor aos insignificantes preceitos da Lei e estendendo-os
à vida comum de cada dia, os fariseus são recriminados por Jesus pela sua hipocrisia,
não por simularem, mas pelo exagerado legalismo, que impede o povo de
reconhecer a misericórdia como Lei básica da Aliança divina.
Acima das prescrições e
da casuística das interpretações, Jesus incute em seus discípulos a honra e o
culto devidos ao Pai. Ouvindo-o, a multidão se alegrava, permanecendo, porém, um
tanto ressabiada, porque acolher a palavra de Jesus era colocar-se contra os
escribas e fariseus. No entanto, pouco a pouco, seus ouvintes se certificam da
intransigência e do falso legalismo dos fariseus, que se tinham afastado da
doutrina dos profetas, que anunciavam a justiça e a misericórdia divina. A
pregação de Jesus está bem longe de um moralismo negativo, que se converte em proibições
e “virtudes” formais, pois ao contrário de escravizar, Ele quer tornar os
corações livres pelo cumprimento do amor a Deus e ao próximo. Ele prioriza não
as prescrições e costumes, mas a vida; quem se doa aos seus semelhantes, serve
a Deus e se renova interiormente.
A
surpresa dos ouvintes é grande, quando eles o ouvem dizer que a verdadeira
impureza não procede do exterior, mas do interior da pessoa: “Nada há no
exterior do homem que, penetrando nele, o possa tornar impuro; mas o que sai do
homem, isso é o que o torna impuro”. E não só. Para viver a pureza de coração é
necessário passar das práticas exteriores às interiores, porque o encontro com
Deus não resulta unicamente dos atos externos, mas é fruto de uma intenção reta
e íntegra. E de maneira clara e inequívoca, Ele os exorta a se deixarem guiar
pela prática do primeiro e maior mandamento da Lei de Deus, o amor
misericordioso, vivido e testemunhado, jamais eclipsado. Se os fariseus não
compreendem Jesus e bradam injúrias contra Ele, a multidão, ao contrário, rende-se
aos seus ensinamentos.
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