eflexão do Evangelho de sábado 08 de outubro





Reflexão do Evangelho de sábado 08 de outubro
Lc 11, 27-28 – A verdadeira bem-aventurança


O amor e o respeito de Jesus para com sua mãe e parentes são inquestionáveis. Maria e seus irmãos desejam vê-lo, mas a multidão que o rodeava era grande e eles não conseguem chegar até Ele. Os discípulos notam a presença deles e avisam Jesus. Sem desprezar seus parentes, Ele aproveita a ocasião para conduzir seus ouvintes ao essencial da sua missão: o relacionamento com o Pai celestial. Por isso, elevando a voz, Ele se dirige a todos e fala-lhes da filiação divina: para além de toda realidade, inclusive do pecado, Ele apregoa a experiência da paternidade de Deus. Trata-se da pertença à família de Deus, da qual se participa pela fé, o que não era desconhecido de Maria, que se tornou na Anunciação morada permanente (shekinah) do Espírito Santo. Já no milagre das bodas de Caná, situando-se na ordem da fé, ela revela serena confiança em seu Filho ao dizer aos serventes: “Façam tudo o que Ele mandar”: na Pessoa dele, o Deus da história da salvação, o Deus de Israel continua a agir. S. Agostinho, meditando sobre essa passagem, exclama: “A nobreza do nascido se manifestou na virgindade da mãe, e a nobreza da mãe na divindade do nascido”.
Certamente, uma das intenções fundamentais de Jesus é não querer situar Deus distante de seus seguidores, mas permitir que eles reconheçam sua proximidade pessoal e se disponham a ouvir a sua Palavra e a observá-la: os que assim fizerem serão seus parentes, filhos do Pai que está nos céus. Nesse sentido, se a grandeza de Maria repousa sobre o fato de ela ser a Mãe do Filho de Deus, muito mais sobre o fato de ela ser mulher de fé, inseparável da pessoa e da obra de seu Filho. Nela atua o Espírito Santo, que a torna ponto culminante da identificação de Israel com Jesus, em quem se inicia a nova verdadeira criação de Deus: a salvação adquire uma “raiz nova”, e o Povo de Deus é definitivamente reconciliado com o Pai. Pela fé, deu-se em Maria a vitória da graça livre de Deus, lembrada por S. Agostinho ao dizer: “Santa Maria fez a vontade do Pai e a fez inteiramente; por isso vale mais para Maria ter sido discípula de Jesus do que sua Mãe. Feliz era Maria, porque antes de gerá-lo, já o trazia em seu coração”.
Efetivamente, a função de Maria no interior da missão de seu Filho Jesus, em sua total obediência a Deus, consiste em ser modelo de fé para os seguidores de seu Filho e sinal anunciador de que o amor familiar se estende a humanidade toda inteira. Assim, ao acolhermos a Palavra divina, sobre a qual repousa nossa relação de fidelidade para com Deus, tornamo-nos membros da família espiritual de Jesus, da qual Maria é a mãe. O cotidiano já não é mais, simplesmente, uma realidade profana, mas é também fonte de santificação da vida em suas diversas relações e manifestações: pela Palavra, a vida humana adquire valor de eternidade.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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