Reflexão do Evangelho de quinta-feira 13 de outubro





Reflexão do Evangelho de quinta-feira 13 de outubro
Lc 11, 47-54 - Contra os fariseus e escribas (II)


Os escribas e fariseus consideravam a santidade e a pureza ritual de Israel como um ideal de vida, concretizado pela observância de prescrições e múltiplas normas rituais. Tudo isso, para eles, era legitimado pela tradição oral da Lei mosaica e pela herança dos profetas, citados constantemente em seus ensinamentos, embora, segundo os Evangelhos, eles não a traduzissem em suas próprias vidas. Duras e severas, mas não condenatórias, são as admoestações de Jesus, que deseja levá-los, destaca S. Cirilo de Alexandria, “à prática de julgar, reta e impecavelmente, seus semelhantes, porém, sem jamais abandonar a misericórdia e a sinceridade”.
Os escribas e fariseus devotavam suas vidas ao estudo da Lei, da qual se consideravam os únicos e autênticos intérpretes, e viviam de modo simples e sóbrio, exercendo uma grande influência sobre o povo. Todavia, eles lhe impingiam numerosas exigências, chegando ao extremo de legislar sobre pequenas e insignificantes coisas, que darão origem a muitos conflitos entre eles e Jesus, que os recrimina por negligenciarem o mais importante: a justiça, o amor a Deus e os cuidados devidos aos necessitados, fracos e doentes.
A Lei mosaica não é abolida, tampouco as tradições particulares, mas algo novo é introduzido por Jesus: não uma simples ideia, mas a vinda do Reino de Deus e a conversão interior que ele exige. Seu intuito é corrigir a perspectiva dos seus ouvintes, para que não tomem o secundário pelo essencial ou, no dizer de Orígenes, esquecidos do sentido espiritual do texto bíblico, prendam-se ao seu sentido literal. Em suas exigências, ultrapassando as múltiplas prescrições da Lei, estabelecidas pelos fariseus, Jesus deseja também levar todos em Israel a uma vida santa e pura diante de Deus. No entanto, não como eles, mediante um comportamento segundo a Lei, mas por uma nova ação de Deus: a instauração do Reino da salvação, fundado no perdão misericordioso de Deus, fonte do nosso perdão aos outros. Como transparece, tanto para Jesus como para os fariseus, antes de tudo, importava o cumprimento da vontade de Deus.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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