Reflexão do Evangelho - Sexta-feira, 21 de outubro
Reflexão do
Evangelho
Sexta-feira, 21
de outubro
Lc 12, 54-59 -
Discernir os sinais dos tempos
A presença de Jesus é sinal de uma realidade divina
misteriosa, causa de admiração e de perplexidade para a multidão que o ouve. Suas
palavras, tocantes e verdadeiras, evidenciam um novo tempo, que é apresentado
como a última chance para se aceder à salvação. Aliás, desde o início de sua
vida pública, em sua pregação inaugural na sinagoga de Nazaré, Jesus proclama
um “ano de graça”, que permite passar de um conhecimento talvez abstrato de
Deus a um encontro pessoal com Ele. Porém, entre seus ouvintes, há aqueles que
são incapazes de reconhecer a novidade proclamada por Ele: a proximidade e
mesmo a irrupção do Reino escatológico de Deus. Era o que sucedia com os
fariseus, que reafirmavam a continuidade tranquila da observância da Lei, base
para a construção de uma comunidade pura e santa diante de Deus.
Por isso, em suas primeiras palavras, Jesus exorta
o povo à conversão, isto é, a admitir que Deus, por meio dele, está agindo de
um modo novo em Israel: “Arrependei-vos e crede no Evangelho”. Ele não apregoa um
espiritualismo moralizante, mas simplesmente convoca seus ouvintes à purificação
(cathársis), à instauração da pureza e santidade de Israel pelo perdão dos
pecados, que Ele está pronto a conceder-lhes. Nesse novo tempo, o apelo
“arrependei-vos” expressa uma força interior, dom e graça divina, capaz de envolver,
renovar e tornar novas criaturas os que recebem o seu perdão.
Entretanto, muitos se mostram indiferentes às suas
palavras, apesar de elas serem uma ressonância da pregação dos profetas, que
apregoavam a conversão. Por isso, decepcionado, Jesus declara que eles são
capazes de ler os sinais meteorológicos do tempo, mas incapazes de reconhecer em
seus atos e palavras o verdadeiro Templo, fonte de água viva. A conversão,
exigida por Ele, não é só entendida como um retorno ao estado primitivo, tal
como este se apresenta na memória histórica: passado ideal, fundado numa
inspiração utópica; também como um processo, no qual Deus, Criador de todas as
coisas, é Aquele que vem do futuro e impulsiona a história para o “dia do
Senhor”, dia da revelação da verdadeira nova criação de Deus, quando a
liberdade, a justiça e a paz reinarão em todos os povos.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
DEUS lhe ilumine e o abençoe. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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