Reflexão do Evangelho de quinta-feira 20 de outubro
Reflexão do Evangelho de quinta-feira
20 de outubro
Lc 12, 49-53 - Jesus diante de sua
Paixão (sinal de contradição)
O sol surgia no horizonte. A cidade despertava.
Parecendo romper as barreiras do mundo físico, a voz do Senhor soou forte: “Eu
vim trazer fogo à terra, e como desejaria que já estivesse aceso! ”. Pasmos, os
discípulos se perguntavam: “Que fogo é esse? ”. Certamente, não é o fogo
vingador ou o da Geena, mas aquele anunciado por S. João Batista, o fogo do
batismo. S. Cirilo de Alexandria diz por sua vez que esse fogo “é a salvífica
mensagem do Evangelho, é o poder dos ensinamentos do Messias. Poder que inflama
a terra e conduz os homens a uma vida de piedade e de amor”. Com a vinda de
Jesus, resplandeceu no mundo a justiça e a santidade de Deus, a caridade
iluminou a todos e a fé, qual fogo divino, brilhou nos corações: “Quem está
perto de mim está perto do fogo; quem está longe de mim está longe do Reino”
(Orígenes).
No relato de S. Lucas, todos os acontecimentos da
vida pública de Jesus, inclusive o batismo por João Batista, se orientam para
Jerusalém, onde Ele seria crucificado. Sua missão se desenrola entre o batismo
e a morte na cruz, seu batismo doloroso, que a encerra. Segundo as palavras do
profeta, seus seguidores serão “batizados no Espírito Santo e no fogo”,
provocando a alternativa: permanecer unido ou não a Ele; deixar-se queimar por
Ele ou se excluir do Reino. Ele espera pela decisão deles: acolher ou não o Evangelho
do amor e da misericórdia; abraçar ou não a cruz, itinerário de serviço, o
mesmo percorrido por Ele como caminho de salvação. Realizam-se assim as
palavras do velho profeta Simeão, declarando-o “sinal de contradição”, o que Ele
próprio recorda, ao dizer: “Não vim estabelecer a paz, mais uma divisão. Pois,
doravante, numa casa com cinco pessoas, estarão divididas três contra duas e
duas contra três”.
Ele é o
profeta da salvação, e sua vinda é tempo de decisão, pois se Ele reenvia ao fim
dos tempos, também ao hoje totalmente atual. A verdade de sua Palavra é força
purificadora e renovadora, que como uma espada penetra nossa condição de morte
e de divisão, para tudo preencher de luz e de esperança. Mas, porventura, está
o nosso coração fechado à misericórdia e ao amor? A opção por Jesus nos torna um
sinal profético de solidariedade e de doação fraterna, porque nosso amor ao
próximo resulta do amor a Jesus e a acolhida do pobre significa nossa adesão de
vida a Cristo. Nele, concretiza-se a Aliança permanente de Deus, anunciada
pelos profetas, pois, graças à conversão, sempre há uma nova chance de
salvação: o louvor a Deus jamais cessou, até nossos dias.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
DEUS lhe abençoe e o ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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