Reflexão do Evangelho - Domingo, 15 de janeiro
Reflexão do Evangelho
Domingo, 15 de janeiro
Pregação de João Batista – Jo 1, 29-34
Lá estava João Batista às margens do rio
Jordão, e uma multidão o rodeava. Muitos o interrogam sobre a sua identidade,
se era ou não o Messias. Sincero e isento de preconceitos, João nega ser o
Messias, que ele afirma já estar presente no meio deles, alguém que eles não
conheciam e do qual ele não era digno de desatar as correias de suas sandálias.
Naquele preciso momento, enquanto estava ainda falando, chegou Jesus de Nazaré.
Vendo-o aproximar-se, João fixa nele seu olhar penetrante, emblépsas, como que para identificá-lo, e dirigindo-se a todos, com
dedo em riste, declara: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O
modo direto e sucinto do relato deixa transparecer que a principal intenção do
Evangelista não é a de descrever a atividade de João Batista, mas apenas
referir-se a ele em função do seu testemunho a Cristo.
Iluminados
por um sol cáustico, sob o olhar admirado da multidão, encontram-se os dois
jovens, o asceta com suas vestes rústicas de pele de camelo, rosto emagrecido
pelo frugal alimento, mel e gafanhotos; o outro homem de traços fortes, de
olhar tranquilo e distante, como que absorto em seus pensamentos, refletindo
esperança de um novo tempo. Ao vê-lo descer às águas para ser batizado, João
deixa os presentes pasmos, sobretudo, seus discípulos, ao dizer: “Sou eu que
devo ser batizado por ti”, palavras que soam ao ouvido de todos como um convite
para seguir Jesus. Mais tarde, com nostalgia, João, o discípulo amado, recorda
essas palavras e revive a cena do seu primeiro encontro com o Mestre, quando,
sem titubear, numa adesão total e radical, deixou tudo para segui-lo, akolouthéin.
Alguns
instantes mais tarde, um pouco além, quando já se afastava das margens do rio
Jordão, Jesus nota a presença de dois jovens que o acompanham. Volta-se para
eles e pergunta: “O que buscais? ”. Segundo o Evangelista, estas são as
primeiras palavras de Jesus, dirigidas não apenas aos que o acompanhavam de
perto, mas a todos os que, ao longo dos anos, se dispuseram a segui-lo. Elas
expressam a acolhida generosa do Mestre, mas também a necessidade de eles se
esforçarem para conhecê-lo melhor e mais profundamente, como reconhece o
próprio Apóstolo João, ao descrever, logo a seguir, seu progressivo
conhecimento ou caminhada interior na descoberta de quem é Jesus. No início, da
parte do discípulo, houve um simples olhar, blépo,
atento e curioso, que passou a ser profundo e contemplativo theaumai, até ao ponto de ele reconhecer
ser Jesus o enviado de Deus, o Messias.
Ainda
hoje, as palavras de João Batista ressoam e, em sua força profética, levam a
compreender a razão do seu desejo de ser batizado por Jesus: trata-se do
batismo de purificação e santificação. Nesse contexto, a expressão de Cordeiro
de Deus assume um sentido especial: manifesta total confiança na pessoa de
Jesus de Nazaré, que não só tira o pecado do mundo, mas o destrói. Enviado de
Deus, Ele é a garantia da presença de sua ação salvadora no mundo, sinal
profético que suscita em João Batista uma profissão de fé: “E eu vi, horáw, e atesto que Ele é o Filho de
Deus”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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