Reflexão do Evangelho - Sábado, 07 de janeiro



Reflexão do Evangelho
Sábado, 07 de janeiro
Jo 2.1-11 - Cura do paralítico e perdão dos pecados


        Certa feita, em Nazaré, algumas pessoas “trazem um paralítico, deitado num catre”, e pedem a Jesus que o cure. Dele irradiava força espiritual, um irresistível fascínio, e nada da realidade interior dos que lá estavam escapava ao seu olhar atento e penetrante. É o caso do paralítico, a quem não é dito, imediatamente, como observa S. Hilário de Poitiers: “Sê curado ou levanta-te e caminha”, mas: “Tem ânimo, meu filho; os teus pecados te são perdoados”. Para ele, o perdão concedido por Jesus é uma oferta da salvação ou da comunhão com Deus, o que lhe transmite paz interior e esperança do início de uma nova vida.   
Vendo-o perdoar os pecados, os doutores da Lei, sobremaneira surpresos por julgarem ter Jesus assumido uma prerrogativa exclusiva de Deus, protestam veementemente. Sem alimentar discussões, Jesus, que dizia coisas inauditas, com palavras de todo mundo, agora, ao perdoar e curar o paralítico, dava sinais de que o Reino de Deus era uma realidade em sua pessoa. A seguir, numa atitude de prece, Ele oferece ao Pai os que lá se encontram, pedindo-lhe que seus corações se abram à liberdade de um amor profundo e gracioso: uma alma livre interiormente era mais agradável a Deus que sacrifícios e severas penitências. Ao ouvir suas palavras misericordiosas, o paralítico compreende quão bondoso Ele foi ao lhe conceder vida nova, e, em sua pequenez, reconhece que, aos olhos de Jesus, ele valia mais do que seus próprios atos. Cheio de encantamento interior, ele se sente amado e respeitado em sua dignidade de pessoa humana, e se dá conta de que a novidade em sua vida é a comunhão com Deus e com os irmãos.  
Realiza-se no paralítico curado uma verdadeira experiência mística: ele experimenta a mão divina, abrindo os dedos que lhe transmitem luz, e descobre que o fato admirável em sua vida não era o milagre, mas sim o poder do perdão de Deus, que o acolhia e o renovava interiormente. Uma única condição lhe era exigida: crer, pois só pela pureza da fé ele teria acesso à grandeza do amor. Os primeiros cristãos já sentiam esta ação benevolente do Senhor, que nada exigia, que de nada se apoderava, em seu contato com os pecadores, fato que despertava neles uma confiança inabalável em sua infinita misericórdia.  
        Como transparece neste relato, a presença silenciosa, serena, sóbria e vigorosa de Jesus, na disposição de servir a todos, envolve os discípulos e faz com que eles se mantenham sempre unidos a Deus, abraçando a vida em sua realidade concreta, no cumprimento do mandamento do amor: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Perdoados e fortalecidos no corpo e na alma, assim como os que rodeiam o paralítico, eles exclamam: “Nunca vimos coisa igual! ”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm



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