Reflexão do Evangelho - Terça-feira, 31 de janeiro



Reflexão do Evangelho
Terça-feira, 31 de janeiro
Mc 5,21-43 - Cura da hemorroíssa e ressurreição da filha de Jairo

       
        Levado pelas pessoas que se acotovelam ao seu redor, Jesus pergunta aos Apóstolos: Quem me tocou?. Como saber?! Uma mulher, que há doze anos sofria de um fluxo de sangue, desesperada, tinha se aproximado de Jesus. Ao ouvir a pergunta feita por Ele aos Apóstolos, assustada, ela se prostra aos seus pés e confessa ter tocado a orla de suas vestes, pois dizia consigo: “Será bastante que eu toque a sua veste e ficarei curada”. As palavras de Jesus não obedeciam a regras, o sentimento que lhe enchia o coração transbordava, envolvendo com palavras inauditas seus ouvintes, como aquela mulher, quando lhe diz: “Ânimo, minha filha, tua fé te salvou”. Se o decisivo foi o fato de ela ir à procura de Jesus, o que a salvou foi a sua fé. No meio do vivaz burburinho da multidão, a mulher, libertada e agradecida, afasta-se em paz. “O poder de Jesus, escreve S. Hilário, é tão infinito, tão liberal, que a obra da salvação dos homens estava presente até nas franjas de seu manto”.
        Nessa mesma ocasião, um pai angustiado, chefe da Sinagoga, aproxima-se de Jesus e lhe pede por sua filha. S. Agostinho vê representado, naquele homem, “o povo judeu, enquanto a hemorroíssa indicaria a Igreja provinda do paganismo”. Ninguém escapava à ação misericordiosa de Jesus, que abrangia todos os povos, judeus e pagãos: seu zelo por todos era grande. Assim, ao chegar à casa de Jairo, chefe da Sinagoga, Ele vê diversos amigos e parentes que lá estavam pranteando a morte da jovem, e lhes ordena: “Retirai-vos, todos daqui, porque a menina não morreu: está dormindo”. Eles não entenderam a linguagem de seus gestos, riem-se dele, e, com um sorriso irônico, retiraram-se. O pai, porém, fiel e sereno, confia em Jesus, garantia da presença e do auxílio de Deus. Vitória da fé sobre a incredulidade. Sem mais uma só palavra, demonstrando firmeza, Jesus entra no quarto da menina e ao tomá-la “pela mão, ela se levantou”. Dormir, despertar-se, levantar, verbos, que empregados na cura da filha de Jairo e da hemorroíssa, prenunciam a ressurreição de Jesus; mas também, a nossa participação na vida divina. 
Pela fé, o ser humano pronuncia seu sim em favor da cura integral de sua vida em Cristo, em quem é restaurada a integridade da natureza humana, corpo e espírito. Na verdade, ao se encarnar, a humanidade tornou-se morada de Deus: Jesus é uma teofania, manifestação de Deus a todas as criaturas. A justiça original, se outrora foi perdida ou prejudicada, jamais foi destruída, permitindo ao ser humano, graças à vinda do Senhor, retornar à sua disposição primitiva para o bem. Com todas as letras, afirma-se que a vitória da misericórdia divina não só foi prevista, mas, desde já, introduzida e instaurada.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


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