Reflexão do Evangelho - Quinta-feira, 12 de janeiro
Reflexão
do Evangelho
Quinta-feira,
12 de janeiro
Mc
1,40-45 - A cura de um leproso
Pela Lei mosaica, a lepra era
considerada uma doença passível de excomunhão, que tornava quem a contraísse
excluído do convívio comunitário. Por acaso, se alguém fosse curado, ele devia
submeter-se ao rito de purificação, sinal de um mundo em estado de salvação e
da proximidade imediata do Reino escatológico de Deus. Indubitavelmente, Jesus
se revela como o Messias prometido a Israel.
Apesar das normas levíticas e das
restrições prescritas, que o obrigavam a retirar-se para uma vida isolada, “um
homem, cheio de lepra” não hesita em aproxima-se do Mestre, que, sereno, não se
afasta, acolhe-o. A pureza interior de Jesus é intocável, cena que comove os
Apóstolos, levando-os à admiração e ao enlevo espiritual. De sua parte, profundamente
sensibilizado, o leproso se prosterna, em sinal de adoração e, num ato de
profunda humildade e de abandono confiante, implora: “Senhor, se queres, tens
poder para limpar-me”.
Colocando-se acima da interdição da Lei,
Jesus, “movido de compaixão, estendeu a mão, tocou-o e disse: ‘Eu quero, sê
curado’”. Gesto que faz pensar nas palavras de S. Cirilo de Alexandria: “Ele
lhe concede o toque de sua mão santa e onipotente e, imediatamente, a lepra se
afastou dele e o seu sofrimento terminou”. O santo alexandrino exclama:
“Uni-vos a mim na adoração a Cristo, que exercia contemporaneamente o poder
divino e corpóreo, Ele o cura e o toca”. Orígenes dirá que Jesus “o tocou para
demonstrar humildade e ensinar-nos a não desprezar ninguém, por causa das feridas
ou manchas do corpo”.
Apesar de ser miraculosa, a cura do
leproso não é, simplesmente, uma ocorrência medicinal: é fruto da misericórdia
de Jesus, que vê na Lei um sinal da presença benfazeja de Deus. A intenção de
Jesus é incluir todos, trazê-los à comunhão, como aquele leproso, que curado em
sua carne, sente-se amado, acolhido, reabilitado. Esse sentido humano e
espiritual do milagre é compreendido pelos santos, como S. Francisco de Assis,
que beija o leproso, encontrado por ele num dos caminhos de Assis. Seu amor,
cuja fonte era Deus, chegava aos seus irmãos e às mais humildades criaturas,
transformando o que antes ele achava amargo em verdadeira doçura de espírito.
As experiências não foram muitas, bastou esse simples encontro com o leproso
para irromper, em seu coração, um imenso amor pelos pobres e pelos pequeninos.
Na alegria, cantando, Francisco contempla um mundo novo, mais fraterno e
solidário.
Curado, o leproso reconhece, como
Francisco de Assis, que seu encontro com Jesus significou a reconstrução de sua
vida na força de um Salvador, que é o Messias. Ambos, o leproso e Francisco de
Assis, se tornam Apóstolos do Evangelho do perdão e da misericórdia, presença
da salvação divina para Israel e para toda a humanidade.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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