Reflexão do Evangelho - Segunda-feira, 16 de janeiro
Reflexão
do Evangelho
Segunda-feira,
16 de janeiro
Mc
2,18-22 - Discurso sobre o jejum
Apesar de os profetas terem
insistido menos sobre a severidade do jejum e muito mais sobre a conduta justa
e caritativa para com o próximo, os discípulos de João Batista e os fariseus
multiplicavam jejuns e orações. A voz dos profetas tem sua plena realização em
Jesus. Num horizonte mais amplo, após afirmar que a sorte do mundo e o destino
do homem estão intimamente unidos, Ele anuncia a transfiguração do ser humano,
no qual tudo se renova e adquire novas qualidades de acordo com seu sentido
último em Deus, “pois dele, por Ele e para Ele são todas as coisas” (Rm 11,36).
Nesse sentido, deixando para trás toda tendência à vitimização ou à
teatralização, o jejum significa a renovação do homem e do mundo e constitui um
gesto religioso, que prepara o homem para acolher, de modo incondicional, o
Reino de Deus, que não é só iminente, mas já “está entre nós”.
Para uma melhor compreensão, Jesus
se apresenta como o “noivo” das núpcias de Deus com o seu povo, e os discípulos
são descritos como os amigos do noivo. Aos que criticam os Apóstolos por não
jejuarem, Jesus, com certa ironia, pergunta-lhes: “Podem os amigos do noivo
jejuar enquanto o noivo está com eles? ”. S. Hilário de Poitiers conclui que “o
fato de eles não jejuarem demonstra a alegria dos discípulos com a presença de
Jesus. Nesse período, não se há de jejuar, porque o Esposo está lá e com Ele o
tempo messiânico, tempo de núpcias, de abundância e de alegria”. Mas a
observação do Senhor não lhes escapa: “Quando Ele lhes for tirado, eles
jejuarão”. Ou, no dizer de S. Basílio Magno: “Eles então jejuarão, pois suas
vidas estarão orientadas para as realidades, que ultrapassam os bens
simplesmente materiais e carnais”. Não só, mas pela prática do jejum, os
discípulos estarão proclamando, em seu corpo particularizado, isto é, em sua
individualidade, sua participação no corpo transfigurado de Jesus.
O tempo em que vivemos é um tempo
messiânico, início de nossa transfiguração, resposta ao desejo de continuidade
do ser humano em sua totalidade, corpo e alma, como bem recorda S. Agostinho a
uma irmã, que se sentia desconsolada pela morte de seu irmão: “O amor de teu
irmão não pereceu, pois ele te amou e ele te ama; ele permanece conservado em
teu tesouro e escondido com Cristo no Senhor”. Um pouco adiante, ele conclui:
“Nós não perdemos os que emigraram desta vida antes de nós: nós os enviamos à outra
vida onde nós nos reencontraremos, e onde eles serão ainda mais caros a nós do
que são intimamente conhecidos”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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