Reflexão do Evangelho do dia 06 de Novembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Terça-feira – 06 de novembro
Lc 14, 15-24: Convidados recusam o banquete
       
        Uma das mais belas imagens do céu nas Escrituras é o banquete ou a celebração das bodas dada pelo rei em honra de seu filho. De fato, nós fomos convidados para o mais importante banquete de todos! Mas há uma condição para dele participar. Tal condição se impõe não só a alguns discípulos escolhidos, mas a cada um dos seguidores de Jesus. Há a exigência, a de ser livre diante dos bens materiais. Ao mesmo tempo, lança-se um alerta contra os perigos de possuir riquezas. É o que se deduz da resposta dada pelos convidados ao banquete, como atesta s. Cirilo de Alexandria ao dizer: “Eles desdenharam o convite, porque estavam voltados para as coisas terrenas e tinham concentrado sua mente nas vãs distrações deste mundo”. Cristo está, pois, desejando que todos tenham disposição de espírito, abertura de coração, liberdade interior, o que é expresso no desapego ou na pobreza em espírito. Os que estão presos aos seus bens e preocupações não participam da festa, ou como diz s. Agostinho, “os primeiros convidados foram reprovados devido a suas escusas”. E continua ele: “Venham os mendigos, já que quem convida é aquele que sendo rico se fez pobre por nós, para que os mendigos nos enriqueçam com sua pobreza”.
        A parábola contada por Jesus tem dois elementos. O primeiro se refere aos convidados originais para a festa. O rei tinha enviado os convites com bastante antecedência, de tal modo que todos teriam muito tempo para se preparar. Assim o desagrado do rei se justifica porque eles recusavam abertamente dar ao rei a honra que lhe era devida.  Seria uma crítica de Jesus aos judeus de seu tempo. Ele os faz ver que seu desejo era que todos participassem da alegria de seu Reino. S. Cirilo, de novo, recorda “que Deus tinha preparado em Cristo os dons para todos os habitantes da terra”. Mas eles recusam aceitar o Messias e Salvador deles.  
O segundo elemento da parábola se refere aos que, posteriormente, são trazidos para o banquete. Foram reunidos os maus e bons ao longo do caminho, ou seja, os pecadores e os estrangeiros, denominados gentios. Isto nos indica que o convite é gratuito, fruto da graça divina, um favor não merecido. O convite contém um alerta para os que recusaram ou os que, agora, se aproximam da festa, indignamente. A graça é um dom gratuito, mas também um compromisso que se assume. Em outras palavras, para seguir Jesus, o discípulo terá de se mostrar pronto a renunciar a todos os seus bens, pois só assim alcançará o objetivo último, a sua salvação.
 As formas de seguir Jesus podem ser diversas, segundo as circunstâncias e as vocações pessoais. Porém, permanece sempre o preceito do sacrifício da própria vida e a liberdade diante dos bens. O desprendimento não só abre o coração para Deus, mas nos permite revestir de Cristo, que “sendo rico se fez pobre por nosso amor” (s. Paulo). Do Cristo crucificado nos elevamos ao Cristo glorificado. O homem é o nômade de Deus. Pobre em espírito, ele parte para o deserto silencioso da Palavra eterna, advinda do inefável mistério divino.  

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