Reflexão do Evangelho do dia 23 de Novembro de 2012
Reflexão de Dom
Fernando Antônio Figueiredo para:
Sexta-feira – 23 de
novembro
Lc 19, 45-48 -
Expulsão dos vendedores do Templo
A expulsão dos vendedores do Templo traz a
lume a santidade de Deus. Israel, povo de Deus, é convocado a espelhar a
santidade divina, evitando toda contaminação profana. O próprio Templo é considerado santo, em toda
a sua extensão, mesmo os “pisos” destinados aos pagãos. Particularmente, onde
os judeus se reuniam, o coração do Templo nomeado “o santo”, que servia como centro
de culto e louvor divinos e era considerado repleto da glória insuperável do
Deus três vezes Santo. S. Ambrósio lembra que “o templo não é refúgio de
mercadores, mas casa de santidade. E o próprio exercício do ministério
sacerdotal não é designado, por Jesus, como um dever, ainda que sacro, mas como
uma homenagem tributada a Deus, gratuitamente”. No entanto, o que ele encontra
ali é justamente o contrário.
O zelo pela casa do Senhor
leva-o a expulsar os vendedores e os cambistas. Manifesta-se, escreve S. João
Crisóstomo, “a honra que o Senhor prestava ao Pai e ao seu próprio poder”.
Dizia S. Cirilo de Alexandria: “Chegara o tempo em que a sombra atingiu sua
realização e a verdade resplandeceu exteriormente. A verdade é a doce beleza da
conduta cristã, a glória da vida irrepreensível e o doce gosto racional da
adoração em espírito e verdade”. De fato, ao purificar o Templo, Jesus substitui
a pureza ritual pela limpeza moral e a casa de Deus é erigida como casa de
oração para todos os povos. Os discípulos irão recordar-se dessas palavras,
após a ressurreição do Mestre.
S.
Jerônimo e S. Beda, ao meditarem as palavras do Mestre e reconhecendo seu gesto
profético, reportam-se à Igreja peregrina, a caminho do juízo divino. Também
lá, ele poderá ser severo. S. Beda convida-nos a “olharmos com solícito empenho
este relato para não suceder que, vindo de surpresa, o Senhor encontre em nós
algo pelo qual devamos ser castigados com justiça e expulsos da Igreja”.
Bois,
ovelhas e pombas eram os animais utilizados nos sacrifícios e os cambistas eram
os que ofereciam os meios para comprá-los. Ao expulsá-los, Jesus proclama, sem
dúvida, a exigência de purificação. Mas, ao mesmo tempo, já faz o primeiro
anúncio de substituição das vítimas pelo sacrifício incruento, oferta dele
mesmo ao Pai. Gesto profético de abertura do Templo judaico, casa de oração, a
todas as nações e anúncio de sua morte, ao se romper o véu do Templo. Então,
uma nova ordem é estabelecida e um novo sacrifício, incruento, é oferecido do
nascer ao pôr do sol. A vida divina penetra a terra e a humanidade. A morte é
vencida e o Ressuscitado torna-se alimento de ressurreição para toda a humanidade.
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