Reflexão do Evangelho do dia 16 de Novembro de 2012
Reflexão de Dom Fernando Antônio
Figueiredo para:
Sexta-feira – 16 de novembro
Lc 17, 26-37 – O dia do Filho do Homem
Com
a sua vinda, o Filho do Homem instaura o Reino de Deus “entre nós”, “em nós”.
Realidade espiritual, mas também escatológica. Jesus revela-nos a face humana
de Deus, pois, no mistério da encarnação, ele se esvazia, kénosis, em seu infinito amor para conosco, permitindo-nos, assim,
encontrar nele o espaço de nossa liberdade. Livres, estabelecemos, já e agora,
a vitória sobre o domínio do pecado e da morte, sinal da vitória no fim dos
tempos, em que Cristo “entregará a realeza a Deus Pai” (1Co 15,24). Os que lhe
forem fiéis receberão “a herança no Reino de Cristo e de Deus” (Ef 5,5) e serão
chamados a partilhar da glória desse reinado.
É a instauração do Reino de
Deus no fim dos tempos. É o Dia do Filho do Homem. Comenta S. Cirilo de
Alexandria: “Para mostrar que aparecerá sem aviso prévio e sem que ninguém
saiba, o Senhor diz que o fim do mundo sucederá de modo análogo aos dias de Noé
e de Lot. Por isso, ele exige a constante vigilância de todos, para que todos
possam pronunciar sua defesa diante do tribunal de Deus”.
Portanto, se o retorno do
Senhor é certo, o tempo é desconhecido: a vinda do Senhor acontecerá de modo
rápido e inesperado. Se anteriormente o texto bíblico falava de “não
observável”, agora ele acentua a expressão “não visível”. Poder-se-ia até
imaginar um alerta contra a nostalgia dos “dias” em que Jesus já não mais estivesse
visivelmente presente no meio dos seus discípulos. Mas não se pode jamais esquecer as palavras
do Senhor: “Importa que eu me vá”, para que, com a vinda do Espírito Santo, sua
presença no meio de nós e em nós seja interiorizada.
Ao dizer que um será tomado e outro será deixado, o Senhor nos faz
considerar que não basta pronunciar seu nome para ter, no dia do julgamento, a
garantia de entrar no céu. Cada qual é julgado individualmente conforme o modo
como viveu e como correspondeu à graça divina. Por isso, “quem estiver no
terraço, não desça; quem estiver no campo, não volte atrás”. Comenta S.
Agostinho: “Os que estão no terraço não devem descer, isto é, não devem descer
de uma vida espiritual a uma vida carnal”. Apelo à perseverança e à fidelidade
ao Senhor, na certeza de que seu retorno à glória será a realização do triunfo
final de Deus.
A vida do cristão concretiza-se entre realização e expectativa, entre ter
e esperar, “alegres na esperança” (Rm 12,12). A vinda do Filho será, então, esperada
não com medo, mas com confiança em Deus, que confere sua graça a todos os que o
buscam com fé e com o coração contrito.
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