Reflexão do Evangelho do dia 25 de Novembro de 2012
Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Domingo – 25 de novembro
Jo 18, 33-37 – Cristo Rei do Universo
O anjo Gabriel saúda Maria: “Ave, cheia
de graça”. A verbo grego “karitow”, cujo particípio perfeito passado “ke-karitwméne”
significa cheia de graça. É a vinda do Filho de Deus que assume em Maria a nossa
humanidade. Presença da graça, do dom gracioso de Deus, no qual se faz presente
aquele que agracia. Proclama-se a graciosidade e a vitalidade do amor, a cháris,
epifania ou esplendor da luz divina em sua transparência. Jesus é a plenitude
da graça, o que permite a liturgia antiga denominar Maria como a Mãe do Belo
amor. Ele é o fascínio da perfeição do amor, que impregna sua mãe, tornando-a
cheia de graça.
Já no primeiro instante de sua vida,
ressoa a resposta desejada por Pilatos, que coloca em questão não o fato de ele
ser o Cristo, Filho do Homem e Filho de Deus, mas a sua “Realeza”. O Sinédrio havia
condenado Jesus por blasfêmia, “legitimando” assim a sua morte. No entanto,
para levá-lo à morte tal acusação não era ainda suficiente. Daí a declaração
apresentada pelo sumo sacerdote de ele ser rei e, por conseguinte, insurreto.
De fato, em sua vida pública, muitas
vezes, o povo o tinha declarado rei. Pois no coração de todos era alimentado, desde
séculos, o estabelecimento do reino messiânico temporal. Diante dos milagres e,
sobretudo, tocados pelos seus ensinamentos, os que o seguiam quiseram coroá-lo
rei. Jesus rejeita claramente. Mesmo assim, seus inimigos irão se aproveitar de
tal manifestação, feita pelo povo, para acusá-lo diante das autoridades romanas.
Para Pilatos o título de rei soava como pretensão temporal, tornando-o rival do
poder de Roma por ele representado. Os chefes dos judeus atingem seu objetivo: levá-lo
ao tribunal para ser condenado. Desejam a sua morte e irão obtê-la, muito
embora as respostas de Jesus a Pilatos não confirmem a suposição por eles
apresentada. Ele situa sua realeza em nível bem mais elevado. Daí declarar S.
João Crisóstomo que as palavras de Jesus a Pilatos demonstram ser “ele rei, mas
um rei celeste”. S. Efrém comenta que “as palavras de seus caluniadores eram
como uma coroa redentora em sua cabeça. Seu silêncio era tal que, calando-se,
seus clamores tornaram mais formosa a sua coroa”.
O próprio Jesus dirá: “Sim, eu sou rei. Foi para dar
testemunho da verdade que eu nasci e vim ao mundo”. “Dar testemunho”, pregar,
ensinar e, sobretudo, revelar o mistério do amor infinito, que supera toda
compreensão. Sendo Deus, o seu amor é humanamente incompreensível. Por isso,
nossa resposta ao seu amor crucificado e transfigurado, comunicado a nós, será
pura adoração.
Seu Reino é Ele mesmo. Seu Reino é a verdade, a fidelidade e
o amor encarnado. Caso prevalecesse o costume judaico, ele teria sido morto por
apedrejamento. Conduzido, porém, pelos romanos à morte, realizou-se o que Jesus
e o Pai tinham como desígnio de Salvação: O suplício na cruz, força espiritual,
que indica sua “elevação” e “glorificação”. S. Agostinho, comentando o letreiro
na cruz, nota que estava escrito ”em três línguas: hebreu, grego e latim, para
indicar que ele iria reinar não só sobre os judeus, mas também sobre os
gentios”. Ele é o amor graciosamente comunicado à humanidade, o esplendor da
luz divina, o Rei do Universo.
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