Reflexão do Evangelho do dia 20 de Novembro 2012
Reflexão de Dom
Fernando Antônio Figueiredo para:
Terça-feira – 20 de
novembro
Lc 19, 1-10: O
chamado de Zaqueu
Ao
longo do Evangelho, S. Lucas anuncia o apelo de Jesus aos pecadores, no intuito
de conduzi-los a uma comunhão íntima com o Pai. S. Ambrósio fala de um apelo dirigido
a todos, pobres e ricos, homens e mulheres. Escreve S. Ambrósio: “Ele dirige-se
aos ricos, também eles, como Zaqueu, chamados à comunhão e ao amor do Senhor,
pois o mal não está nas riquezas, mas no fato de não usá-las bem”. Jesus não hesita,
vai ao encontro de Zaqueu, chefe dos publicanos, “completamente abandonado à
ganância, cujo objetivo - observa S. Jerônimo - era o incremento dos próprios
ganhos”.
O encontro com Zaqueu
vem logo após o milagre da cura do cego, o que leva S. Ambrósio a tecer um
paralelo entre ambos: “Zaqueu subiu ao sicômoro, o cego permanece à beira do
caminho. O Senhor olha o cego demonstrando sua compaixão e engrandece o outro
com o esplendor da sua visita; interroga um porque deseja curá-lo, vai à casa
do outro, sem ter sido convidado, pois sabia quão grande era a recompensa para quem
o hospedasse. Zaqueu, embora não tivesse ainda ouvido a sua oferta, já sentira o
seu afeto”.
No
desejo de ver o Senhor, Zaqueu, de baixa estatura, subiu a uma árvore, gesto interpretado
como um ato deliberado e livre, que o colocava acima das amarras da riqueza e
dos bens materiais. É o reconhecimento de que a regeneração provém do alto. De
fato, comenta S. Cirilo de Alexandria, “não há outro modo de ver Jesus a não
ser subindo no sicômoro”. E Jesus, elevando seus olhos, expressa sua divina benevolência
e sua carinhosa atenção. Suas palavras chegam ao coração de Zaqueu: “Hoje devo
ficar em tua casa”. Chegam também ao coração do bom ladrão: “Ainda hoje estarás
comigo no paraíso”. Receber Jesus em sua casa ou entrar em seu Reino atesta o
mesmo e único mistério de nossa união com Jesus. Observa S. Agostinho: “O
Senhor, que tinha acolhido Zaqueu no coração, condescendeu ser hóspede em sua
casa, infundindo-lhe a graça, pois a fé opera por meio do amor”.
Para
além do mistério, o Inefável bate à porta do coração de Zaqueu. Uma certeza se
impõe: Inesperadamente e sempre, ele também passa por nós e vem ao nosso
encontro. Zaqueu nasceu para uma vida nova. Sua conversão leva-o a dar a metade
de seus bens aos pobres e usar a outra metade para reparar aos que ele tinha defraudado.
Ainda que fosse desprezado pelo povo que o considerava um pecador perdido, ele
não deixou de ser objeto das promessas feitas a Abraão. A nós é dado participar
das alegrias eternas que, no dizer de S. Cipriano, significa tomar posse do
paraíso perdido.
Comentários
Postar um comentário