Reflexão do Evangelho do dia 24 de Novembro de 2012
Reflexão de Dom
Fernando Antônio Figueiredo para:
Sábado – 24 de
novembro
Lc 20, 27-40:
Ressurreição dos mortos
Uma
das questões essenciais colocadas à vida humana é justamente a questão sobre a morte.
Os saduceus, atendo-se ao Pentateuco, encontravam motivos para negar a
Ressurreição dos mortos. O nome saduceu significa “justo” e, por motivo piedoso,
“eles afirmam que não servem a Deus na esperança de uma recompensa” (S..Efrem).
Querem amar a Deus na pureza do amor, não presos a uma recompensa. Por isso,
reduziam a vida à realidade humana. Não concebiam nada além do que seus olhos
podiam ver.
Jesus
é enfático ao afirmar que eles estão “no erro” e “não conhecem as Escrituras”,
pois elas revelam desde o começo o poder do espírito, sopro vital, que impregna
a pessoa em todas as suas ações. O espírito é doação total e oferta gratuita de
si mesmo. Sinal “dinâmico” da vida, ele nos é comunicado para nos
transcendermos, movendo-nos em direção ao infinito, graças à criatividade no
pensar e no agir.
O Poder de Deus não consiste
unicamente em prolongar a vida, nem se reduz ao simples retorno à vida terrena.
A vida ressuscitada não é mera continuação da vida terrena. É “transfiguração”,
é irradiação eterna da luz de Deus, da qual Cristo nos oferece uma imagem no
alto do monte Tabor. A vida para além da morte é encontro de amor, é
participação da vida eterna, vida plena, comunicada pelo Espírito Santo. Desvela-se,
assim, o sentido do ser em seu todo: ele é doação de si mesmo na ternura e no
ardor da gratuidade. A morte é superada pela vida na feliz comunhão da eternidade
de Deus. No Tabor, reflete S. Leão Magno, “ele fundava a fé da Santa Igreja,
para que ela, Corpo total de Cristo, saiba de qual feliz transformação ela será
gratificada, e aos seus membros se dá a esperança de fazer parte da honra que
resplandece no Senhor”.
S.
Agostinho escreve: “Tua fé fala dessas coisas, para que tua esperança não fique
frustrada, embora tua caridade ainda deva esperar”. Medos e temores são absorvidos
pela fé e pela confiança, cujo fundamento é a Ressurreição de Jesus. “A exemplo
de nosso Mestre é necessário confessar que há uma verdadeira ressurreição da
carne para todos os mortos” (Concílio de Toledo). Orígenes suplica ao Senhor:
“Que eu possa ver além do que me é permitido por meus olhos corporais. Estejam
eles abertos ao que se refere, não só ao presente, mas também ao que há de
vir”.
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