Reflexão do Evangelho do dia 17 de Novembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Sábado – 17 de novembro
Lc 18, 1-8: O juiz iníquo e a viúva importuna
       
        A advertência de estar preparado para dar a vida pelo Evangelho recorda os Apóstolos das duras palavras do Senhor sobre as perseguições. Porém, seus discípulos jamais deveriam esquecer a presença do Pai celeste, que zela por eles e que os escuta em suas aflições e angústias. Essencial é permanecer fiel à oração. Assim, após a parábola do amigo importuno, Jesus conta-lhes a do juiz iníquo, ao qual recorre uma pobre viúva, suplicando que se faça justiça. Agora, o pedido é por justiça. Diante do juiz encontra-se a viúva, significando alguém muito fraco, só e pobre, incapaz de fazer pressão por influências ou utilizar meios corruptos. Mas, por causa da insistência da mulher, que “lhe causava fastio”, ele a atendeu. Com muito maior razão, pergunta Jesus: “não faria Deus justiça a seus eleitos que clamam a ele dia e noite, mesmo que os faça esperar?”
        As palavras do Senhor conduzem à confiante perseverança na oração. A prece do discípulo eleva-se, como o pedido da viúva, às alturas e penetra o coração amoroso do Justo por excelência. Pois Deus é o divino Juiz. Seu julgamento tarda, mas não deixa de acontecer. Em outras palavras, o próprio Senhor faz com que os discípulos compreendam que ele certamente virá, embora, no presente momento, pacientemente, eles suportem a iniquidade, o crime e o pecado. A paciência divina, sem limites, exprime a longanimidade misericordiosa do Senhor, visto que ele concede aos pecadores o tempo necessário para se arrependerem e, assim, possa crescer o número dos escolhidos.
Deus não deixa de ouvir os que clamam por ele dia e noite. E a oração, em sua forma mais intensa, expressa o grito daquele que perece. Por isso, observa S. Cirilo de Alexandria: “O contínuo apresentar-se da viúva oprimida conquistou o juiz iníquo que não temia a Deus e, contra a sua vontade, concede-lhe o que ela pedia. Como poderá aquele que ama a misericórdia e odeia a iniqüidade, que sempre estende sua mão salvadora aos que o amam, não acolher os que se achegam a ele dia e noite?” De fato, escreve S. Agostinho, “o Senhor quis que da atitude do juiz iníquo se deduzisse o modo como Deus, bom e justo, trata com amor os que recorrem a ele pela oração”.
         Tenhamos sempre presente que Deus já veio em nosso socorro, na pessoa de seu Filho Jesus, o Cordeiro que tira o pecado do mundo. Comenta Orígenes: “O Filho de Deus é o sumo sacerdote das nossas súplicas e nosso defensor junto ao Pai. Ele une-se, em sua prece, àqueles que rezam e invoca em favor dos que suplicam”. Todos os movimentos do nosso coração tornam-se, então, uma única e ininterrupta prece e percorremos o caminho de ascensão ao monte Sinai, penetrando nas trevas onde habita o Inefável.   

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