Reflexão do Evangelho do dia 15 de Novembro de 2012
Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Quinta-feira – 15 de novembro
Lc 17, 20-25: A vinda do Reino de Deus
Estes poucos parágrafos esclarecem um
dos pontos principais da pregação de Jesus: “O tempo se cumpriu, e o Reino de
Deus está próximo”. Mas, perguntam os fariseus: “Quando ele virá”? A questão compreende
dois aspectos, o tempo e o modo como ele virá. Jesus aborda, principalmente, a última
questão, ao descrever a forma como chegará o Reino. Não aparecerá em meio a
sinais nitidamente constatáveis. Muitos buscarão sinais em vão. Rumores corriam
de que surgiria “aqui ou ali”. Que os discípulos não se deixem enganar, pois o Reino
de Deus já é uma realidade. Não no
sentido de ocupar um espaço delimitado. É um acontecimento, “irrupção
repentina” do dom de Deus. Indícios e cálculos falham. O Reino de Deus já está
aqui, em seu caráter espiritual e escatológico.
Seu início coincide com a presença de
Jesus “no meio de nós”. O próprio S. João Batista o anunciou e, posteriormente,
ele foi comprovado, através dos “sinais” miraculosos multiplicados por Jesus. Ao
expulsar os demônios, pelo dedo de Deus, e ao curar os dez leprosos, o Senhor
revela o Reino, situando-o bem ao alcance de seus interlocutores, convidados e
exortados a fazerem parte dele.
A seguir, Jesus tece um paralelo entre o relâmpago e o
“dia do Senhor”. O relâmpago, em seu brilho, pode ser observado por todos, o
que dispensa a necessidade de um sinal diverso e especial para indicar a sua
presença ou o seu poder. Da mesma maneira, o “dia do Senhor” refulgirá como o
relâmpago nos céus, sendo evidente para todos os presentes. Para atestá-lo, não
há necessidade de nenhum outro sinal, pois, no dizer de S. Cirilo de
Alexandria,“ele aparecerá na majestade do Pai em companhia dos anjos, que o
rodeiam, e se colocará diante de nós como Deus e Senhor”.
O Reino de Deus
ou o Filho do Homem já apareceu na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus e
Salvador do mundo. As sementes do Reino foram lançadas em nossos corações, o
que nos leva à convicção de que o seu início se dá em nosso interior e, paulatinamente,
transforma-nos, orientando-nos para Deus. Exclama S João Cassiano: “Quando já
não reinam os vícios, vem estabelecer-se em nós, por direta consequência, o
reino de Deus”. O próprio Senhor age em nós e nós o reconhecemos na Palavra
proclamada, nos irmãos necessitados e, sobretudo, no partir do pão, na
Eucaristia. “Se o Reino de Deus é paz, alegria e justiça, então, quem as vive
permanece sem dúvida no reino de Deus. Ao contrário, quem vive na injustiça, na
discórdia e na tristeza que gera a morte, permanece no reino do mal, no inferno
e na morte” (S. João Cassiano).
O Reino de Deus, diz o Mestre, está “no
meio de vós” e “em vós”. S. Gregório de Nissa pergunta-se: “Que Reino está dentro
de nós? A felicidade provinda “do alto” e nascida nas almas pelo Espírito. Ele
é a imagem, o penhor e o sinal da felicidade eterna da qual gozarão as almas
dos santos na eternidade”. Perseveremos na fé e caminhemos pressurosos, movidos
“sinceramente pelo desejo da fecundidade espiritual” (S. Ambrósio).
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