Reflexão do Evangelho do dia 28 de Novembro de 2012
Reflexão de Dom Fernando
Antônio Figueiredo para:
Quarta-feira – 28 de
novembro
Lc 21, 12-19 – Sinais
precursores do fim dos tempos
Na oração do Pai-Nosso,
pedimos que o Reino de Deus se estabeleça “assim na terra como no céu”. É o
reconhecimento de Deus como Senhor e Pai, em sua transcendência divina e em sua
presença amorosa. Por isso, para a Igreja antiga, a salvação não se reduzia
unicamente aos cristãos. A História da Salvação, segundo S. Clemente de Roma,
compreende também os judeus e os pagãos. A vinda de Jesus, sua Encarnação e
Ressurreição, não excluem, mas incluem a multíplice forma de sua presença no
mundo. S. Justino escreve: “Cristo é o primogênito de Deus, o seu Verbo, do
qual todo gênero humano participou. Portanto, aqueles que viveram conforme o
Verbo são cristãos, embora considerados ateus, como sucedeu, entre os gregos,
com Sócrates, Heráclito e outros semelhantes” (1Apol 46).
Cabe aos cristãos anunciar
que Jesus veio para todos. Tornando-se um de nós, ele assumiu a natureza humana
e a uniu à natureza divina, concedendo ao ser humano a semente da verdade. Quem
a vive, iluminado por uma consciência reta e justa, participa da salvação. Assim,
na preparação e expectativa da vinda gloriosa do Senhor, todos são chamados a
viver a comunhão em Cristo e a certeza de que nele são salvos, pois “pela vossa
constância alcançareis a vossa salvação”.
A constância, em meio às provações, e a perseverança inserem o homem no prolongamento
da Paixão do Senhor e realizam-se as palavras de S. Lucas: “Por vossa paixão
salvareis vossas almas”. Neste sentido as palavras de Jesus soam como suave
consolo: “Quem permanece em mim viverá eternamente”.
É
a justificação final, que nos leva a compreender que a justiça, sem a
misericórdia, pode levar à condenação, pois ninguém é imune de pecado. Igualmente,
a misericórdia, entendida como compaixão e piedade, sentimentos humanos, seria
reduzida a mero arbítrio. Por isso, ao falar da misericórdia de Deus, o Senhor a
relaciona com a justiça, vista não simplesmente no sentido jurídico, mas como
obediência espiritual aos mandamentos divinos. Assim, a misericórdia se erige
como via de salvação, graças à qual somos resgatados por Cristo e conduzidos
por ele, diz S. Ambrósio, à “vida ditosa depois da vitória, vida feliz no
término do combate, vida na qual a lei da carne não se opõe à lei do espírito,
vida, finalmente, na qual já não é necessário lutar contra o corpo mortal, pois
o mesmo corpo mortal já alcançou a vitória”.
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