Reflexão do Evangelho do dia 13 de Novembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Terça-feira – 13 de novembro
Lc 17, 7-10 – Servir com humildade

       Certamente, no desejo de se tornarem mais fortes na fé, os Apóstolos suplicam ao Senhor: “Aumentai a nossa fé”. Presente nos discípulos e dependendo deles, a fé é dom da graça divina. Porém, há uma exigência: fustigar a arrogância e ser humilde no serviço. Por isso, logo a seguir Jesus fala do patrão que diz ao servo, que trabalhara o dia todo: “Prepara-me o jantar e serve-me, até que eu tenha comido e bebido; depois, comerás, por sua vez”. Sem alimentar qualquer pretensão, o servo age de modo desinteressado, dando o melhor de si mesmo.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    
       Jesus não se pronuncia sobre a situação social, irritante aos nossos olhos, mas toma o fato como figura de uma parábola, cujo objetivo é realçar a orientação da pessoa humana em relação a Deus. Ele quer despertar em nós uma atitude religiosa e espiritual. Primeiramente, o reconhecimento de que devemos tudo a Deus. Não nos cabe estabelecer condições, nem colocar limites ao dom recebido de Deus, pois ele próprio se fez nosso “servidor”, “entregue” por nós, corpo e alma, até à morte e morte de cruz.
        Um forte apelo se faz sentir. Na experiência do ser livre, nós nos tornamos disponíveis à ação de Deus e somos impelidos a estar ao seu serviço de modo generoso e gratuito. Realizam-se as palavras: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus”. Por isso, observa S. Ambrósio: “Não nos consideramos mais do que somos, pelo fato de sermos chamados filhos de Deus. Reconhecemos a graça, mas não ignoramos nossa natureza. Não nos gloriaremos de ter feito bem o nosso serviço. Tínhamos a obrigação de fazê-lo”. Entretanto, sabemos que Deus nos deu nosso ser e nossa liberdade, para realizarmos uma ação real e mesmo decisiva em favor de nossos semelhantes. O serviço a Deus e aos semelhantes, apesar de ser um dever sagrado, expressa um ato voluntário e livre, “sempre, porém, resguardando a necessidade de não corrermos atrás das glórias humanas” (S. João Crisóstomo).
        Deus não está obrigado a nada, nem sequer ao agradecimento. No serviço a Deus, abandona-se a ideia do mérito, embora a recompensa, dom gratuito da bondade do Senhor, esteja presente no final do relato. O Senhor premia o servo que ama generosamente e, na humildade, dá o melhor de si mesmo, a despeito de ele não ter feito nada mais do que cumprir com o seu dever. Afastam-se dele a tentação do poder e do orgulho. Por isso, exorta S. Agostinho: “Quem foi derrubado pelo diabo, orgulhoso mediador que persuade à soberba, levante-se por Cristo, mediador humilde, que aconselha a humildade”.

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