Reflexão do Evangelho de Domingo 27 de setembro



Reflexão do Evangelho de Domingo 27 de setembro
Mc 9, 38-43.45-50: O uso do nome de Jesus e o escândalo a ser evitado
      
       Os primeiros cristãos, de origem judaica, têm perante seus olhos o nome divino, dado pelo próprio Deus a Moisés: “Eu sou aquele que sou”. Nome irredutível a qualquer outro nome. Realidade inefável. A mesma ideia, eles tinham a respeito do nome de Jesus, que, em seu poder, imprime no cristão a sua imagem misteriosa, mas real, santificando-o. Opera-se nele uma verdadeira transformação. Destaca o Apóstolo S. Paulo: “Nós refletimos como num espelho a glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito” (2Cor 3,17).
       Se a transfiguração do homem se realiza, graças à presença do Senhor, não só entre nós, mas em nós, seria possível alguém assenhorar-se do ministério ou da ação salvadora de Jesus? O Apóstolo S. João relata a Jesus: “Mestre, vimos alguém que não nos segue, expulsando demônios em teu nome, e o impedimos porque não nos seguia”. Após ouvi-lo atentamente, no intuito de instruí-lo e de alargar seus horizontes, Jesus fala de modo que ele compreenda que a história da Salvação ultrapassa os limites da história bíblica e que a sua ação divina vai além de sua realidade humana. Por isso, a sua Palavra não pode ser jamais interpretada de modo fundamentalista, mas como abertura para o novo que irrompe constantemente na história.   
Nesse sentido, à diferença dos escribas e fariseus, intransigentes, Jesus recomenda aos Apóstolos uma atitude de tolerância e de bondade. No século II, Clemente de Roma fala da história da Salvação que, regida pelas leis da doçura, da paz e da humildade, compreende judeus e cristãos, mas também pagãos. Nesse sentido, escreve S. Agostinho: “Como existe na Católica o que não é católico, assim também pode haver algo católico, fora da Católica”.
        A seguir, ao insistir sobre a gravidade do escândalo, Jesus exorta os discípulos para que se esforcem em não ocasioná-lo. Impressiona-nos ouvi-lo dizer, com voz áspera e severa: “Seria melhor para quem é causa de escândalo atar no pescoço uma grande pedra de moinho e lançar-se ao mar”. Ouvindo-a, exclama S. Agostinho: “Jesus não se envergonhou de repetir três vezes as mesmas palavras. Quem não tremeria diante desta repetição e desta ameaça, saída com tal rigor da boca divina? ”.
Urge evitar o escândalo. Porque não é possível ser cristão sem nutrir um grande afeto para com todas as criaturas e reconhecer que, aos olhos de Deus, o valor de cada pessoa é inestimável. Todos são filhos amados de Deus. Daí a importância de nos respeitarmos e nos amarmos uns aos outros, sobretudo, os que Jesus designa como pequeninos, isto é, não apenas as crianças, mas também os pobres, os injustiçados e desprezados.
         Estabeleçamos uma “aliança de sal”, ou seja, uma aliança perpétua, selada pela amizade com Deus e com nossos semelhantes.

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