Reflexão do Evangelho de Quarta-feira 30 de setembro
Reflexão do Evangelho
de Quarta-feira 30 de setembro
Lc 9,57-62 - Exigências
da vocação apostólica
Fascinados, muitos
ouviam Jesus falar do triunfo de Deus sobre o reino das trevas, do pecado e do
mal. Inclusive, os fariseus e os escribas, que com grande respeito o chamavam
de Rabi, Mestre. Criou-se assim ao
seu redor um clima de alegria e de amor. Impressionava-os seu modo compassivo e
misericordioso para com os fracos e pecadores, e o rigor exigido dos discípulos
e seguidores. A estes, Ele lançava um forte apelo para livrá-los do comodismo e
levá-los a acolher o poder misericordioso de Deus. Mas com os hipócritas e
vendilhões do Templo, Ele era duro e, por vezes, até irônico. Assim, ao vê-los,
Ele exclama: “Coam um mosquito e engolem um camelo”! Porém, a simplicidade e a serenidade
não o abandonavam o que permite Goethe dizer: “Todos os quatro Evangelhos transmitem
um reflexo daquela grandeza espiritual, cuja fonte foi a própria pessoa do
Cristo, ápice espiritual mais divino do que qualquer outra coisa no mundo”.
Certa feita, um dos discípulos, que lhe pede para
primeiro enterrar seu pai, é surpreendido com as palavras: “segue-me e deixa
que os mortos enterrem os seus mortos”. Seu intuito é transmitir aos ouvintes o
conteúdo principal da sua mensagem, que pressupõe não desprezo aos parentes,
mas ter, em meio às adversidades, os olhos voltados para o alto. Observa S.
João Crisóstomo: “Cristo faz tal proibição não para que rejeitemos a honra
devida a quem nos gerou, mas para indicar que não há nada mais importante para
nós do que as realidades do céu. Por elas devemos nos interessar, com todo o
fervor e empenho, sem afastar-nos delas um só instante, ainda que sejam graves
e urgentes os motivos que nos levam a estar distantes de Jesus”.
Por conseguinte, a
proposta de Jesus é que os discípulos participem de sua vida simples, pobre e
humilde, e tenham a convicção de que seus ensinamentos não são puros conceitos
e ideias, mas expressam e consolidam o encontro deles com o Pai. Sim, com
efeito, Jesus lhes indica um verdadeiro programa de vida, que evidencia a
necessidade de trilhar o caminho da renúncia, sem a qual jamais se poderá alcançar
a libertação das paixões desregradas e o afastamento de todo o mal. Calam-se, no
interior do coração deles, as vozes do vício e de todo mau desejo, e eles ouvem,
no silêncio do amor, a voz do Mestre, guiando-os à união com o Pai celestial. Orígenes coloca nos lábios de Jesus a
recomendação: “Mortificai o que em vós atrai para a terra, lançai de vós toda
ligação com a corrupção da carne, todo mal”. Livre e sereno, o discípulo contempla
a divina beleza e percebe que a misericórdia, presente em Jesus, é a única
força capaz de vencer o pecado e os ídolos do mal.
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