Reflexão do Evangelho de Sábado 12 de setembro
Reflexão do Evangelho de Sábado 12 de setembro
Lc 6, 43-49 - Árvore julgada pelos frutos
Os fariseus e escribas, desprezando
Jesus e seus discípulos, na maior parte, provenientes da Galileia, acusavam-no de
impostor e esforçavam-se para convencer o povo de que era de comum acordo com o
“príncipe” dos demônios, Beelzebu, que Ele os expulsava. Sem se intimidar,
Jesus os acusa de não saberem distinguir o falso do verdadeiro profeta e os
adverte do perigo da hipocrisia em que o exterior, embora em conformidade com a
Lei, não corresponde às intenções interiores. Nesse sentido, comenta Cirilo de
Alexandria: “Quem vem a nós não deve ser honrado e exaltado pelas vestes que
traz, mas pelo que realmente é”. Jesus não deseja condená-los, mas levá-los a
uma transformação interior, para que neles exista coerência entre suas palavras
e seus pensamentos, entre o que fazem e o que está presente no interior de seus
corações.
Na visão bíblica, o homem é sempre considerado em sua unidade,
corpo-alma, unidade plural assumida por Jesus em sua encarnação. É este homem
todo, corpo e alma, que se torna semelhante a Cristo e, em sua pessoa, será
transfigurado, segundo a realidade manifestada por Jesus no monte Tabor. O
homem não é constituído pela soma de duas realidades antagônicas, mas pela coesão
e coerência de ambas, nos diversos níveis de sua pessoa.
Assim, o perigo da hipocrisia é evitado caso haja
correspondência entre as palavras e as ações, entre o exterior e as motivações
interiores, pois “não há árvore boa que dê maus frutos, e nem árvore má que dê
frutos bons”. Não há sobreposição do espiritual em relação ao natural, mas,
redimido por Cristo, o homem é chamado a viver num diálogo amoroso e gratuito
com Deus, de sorte que se pode falar de uma mútua interpenetração, em que o
homem se assemelha sempre mais à imagem do qual foi criado, o Filho Jesus. Nesse
sentido, os atos que brotam do coração de quem busca Deus são bons, enquanto os
maus frutos resultam de um coração maldoso e falso, e produzem uma religião
fácil, que elimina a verdadeira penitência e a cruz. Em outras palavras, “se o homem
bom tira do seu coração o bem como de um bom tesouro” e produz frutos de
justiça, de vida e de amor, “o indigno e maldoso, conclui S. Cirilo, vomita a
sua secreta impureza”.
O Mestre conclui enviando os discípulos à prática,
alertando-os de não se deixarem levar pelos que não são o que dizem ser ou não
fazem o que pregam. A incoerência ou divisão é desconhecida para Deus. Os
próprios termos hebraicos, falar, rhêma, e
fazer, dâbâr significam essa unidade,
confirmada por Jesus, em sua advertência final: “Por que me chamais ‘Senhor! Senhor!
’, mas não fazeis o que eu digo? ”.
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