Reflexão do Evangelho de Terça-feira 08 de setembro
Reflexão do Evangelho
de Terça-feira 08 de setembro
Mt 1, 18-23 - José, esposo
de Maria e pai adotivo de Jesus
Na plenitude dos
tempos, o Filho de Deus se encarnou no seio puríssimo da Virgem Maria. Realizam-se
as promessas de Israel, anunciadas ao longo do Antigo Testamento, pois aquele
que nasceu de Maria é o filho de Davi e de Abraão, pai de todos os povos.
Assim, embora profundamente judeu em suas concepções, o Evangelho de S. Mateus apresenta
uma rigorosa interpretação missionária e universalista da fé da Igreja
nascente. Mesmo quando descreve a árvore genealógica de Jesus, Mateus procura
não só demonstrar a pertença de José à família de Davi, mas também realçar que
o reino de Jesus vai muito além das promessas feitas a Davi: seu reino é o
reino do próprio Deus.
“Quem
nem os céus nem os céus dos céus podem conter” revela-se como aquele que se
aproxima dos homens, “como nenhum outro Deus se aproximou do seu povo”. A vinda
pessoal do Filho de Deus, que se tornou um dentre nós, afasta a tentação de
pensar Deus como um divino impessoal, ou a tentação de separar Deus dos homens
sem que houvesse entre eles a possibilidade de comunicação. Em Jesus, Deus está
conosco e nós nos tornamos seu povo, do qual Ele é o seu Deus. Nessa sua missão,
são também de essencial importância os portadores humanos, desde os profetas e
patriarcas até José e Maria, que com o seu sim permitiu a união plena do divino
e do humano. Ela tornou-se assim representante das esperanças da humanidade, e
seu pai adotivo, José, nas palavras do Papa Bento XVI, “representante da
fidelidade de Deus em relação a Israel”.
A figura silenciosa e leal de José manifesta grandeza
de alma e fidelidade aos planos de Deus. Longe de condenar Maria, vendo-a grávida,
ele guarda respeitoso segredo. A esse respeito, observa S. Jerônimo: “Como pode
José ser declarado ‘justo’, se ele escondeu a falta de sua esposa? Longe disso.
É um testemunho em favor de Maria. José, conhecendo sua castidade e tocado pelo
que lhe sucede, esconde, por seu silêncio, o acontecimento do qual ele ignora o
mistério”. Perante o fato inexplicável da concepção de sua esposa, ele
reconhece e respeita o mistério anunciado pelos profetas: “Eis que a virgem
conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel”.
José
estranha a atitude reservada da sua desposada. Não se julga, porém, autorizado
a levantar o véu do mistério. Seus olhos refletem a fadiga das noites que passa
angustiado e sem dormir, e eis que nos limites da desolação, pensando em deixá-la,
aparece-lhe em sonho um Anjo do Senhor: “José, filho de Davi, não temas receber
em tua casa Maria, tua esposa, pois o que nela foi concebido é obra do Espírito
Santo”. O carpinteiro, homem simples e trabalhador, recebe o tratamento de um descendente
de reis. Não contesta nem se orgulha, simplesmente ouve a voz do mistério e a
guarda no sacrário da sua consciência. Não mais alimenta dúvidas, traz a
certeza de que não era apenas um sonho, mas sim uma mensagem de Deus. A alegria
é grande, ultrapassa de longe a angústia que o atormentava. E sem nada dizer,
na obscuridade de um sim grandioso, ressoa igualmente em sua alma o “fiat” de
Maria, em cujo seio crescia “a árvore do paraíso que abrigaria o mundo inteiro
e iria oferecer seus frutos a todos, de longe e de perto” (S. Efrém).
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