Reflexão do Evangelho de Domingo 11 de outubro
Reflexão do Evangelho
de Domingo 11 de outubro
Mc 10,17-30 - O jovem
rico
Com
olhos ansiosos, como pessoas movidas por desejos intensos, um jovem procura
Jesus. Não deseja segui-lo; o intuito é de assegurar-se da salvação: “Mestre,
que farei de bom para ter a vida eterna?”. A pergunta sugeria a ideia de ele julgar
ser possível alcançar a salvação mediante as obras. Após olhá-lo em silêncio
por algum tempo, procurando fazê-lo passar de uma visão cultual e legalista a
uma visão moral-espiritual, Jesus lhe diz: “Por que me perguntas sobre o que é
bom? O Bom é um só”. Ninguém é bom, senão só Deus. E conclui: “Se queres entrar
para a Vida, guarda os mandamentos”. Ao ouvi-lo responder que não só conhece,
mas também observa os mandamentos, com um olhar de afeto por ele, o Mestre lança
um desafio: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e
terás um tesouro nos céus”.
O episódio
gravita ao redor das posses materiais de um jovem de família rica. Guiado
talvez pela ideia de que as riquezas e o sucesso terreno são sinais das bênçãos
divinas, ele julga que a porta de acesso ao céu está vinculada ao sucesso e aos
bens materiais. Por essa razão, S. João Crisóstomo não o considera como alguém
movido por más intenções ou “ser ele avaro e escravo do dinheiro”. Dominado por
uma mentalidade materialista, e sendo presunçoso, ele estaria colocando sua
confiança, prevalentemente, em si mesmo e em seus bens. Mesmo o fato de chamar Jesus
de “bom Mestre”, levanta a suspeita de ele estar nutrindo a esperança de ganhar,
através do agrado e do elogio, os bens eternos.
Após ouvi-lo pacientemente,
o Mestre, através de questões e breves sugestões, busca elevar o pensamento do
jovem a um ponto de vista sobrenatural. De início, destaca a validade do
Decálogo, para só então conduzi-lo a ser perfeito e a ter um tesouro nos céus:
ir, vender tudo o que tem, e dar aos pobres. Surpreso, ele ouve as palavras do
Senhor, que o coloca diante de uma escolha: aspirar por coisas mais altas,
mediante a renúncia aos bens materiais, como os Apóstolos, ou continuar o seu
caminho, mantendo suas riquezas e posses materiais. Sua decisão é imediata. Ele
se retira, vai embora, o que faz S. Agostinho exclamar: “Quanto se deve amar a
vida que não terá jamais fim! Tu que amas esta vida na qual sofres e te afliges,
em meio a tantas preocupações, busca a vida eterna, onde não suportarás estes
sofrimentos, mas reinarás eternamente com Deus”.
Esta
passagem bíblica permite-nos compreender que além da observância dos mandamentos
de Deus, válidos para todos, alguns podem ser chamados a seguir os conselhos
evangélicos, e a viver em radicalidade o preceito do amor a Deus e ao próximo. Aliás,
desde os primeiros anos da vida da Igreja, observa-se que a renúncia aos bens
materiais não é um preceito obrigatório para todos. Obrigatório é ser livre em
relação a todos os bens. Nos Atos dos Apóstolos, S. Pedro dirige-se a Ananias,
que reservara para si uma parte do preço do campo, e lhe pergunta: “Por acaso
não podias conservá-lo sem vendê-lo? E depois de vendido não podias dispor
livremente da quantia?” (5,4).
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