Reflexão do Evangelho de Quinta-feira 15 de outubro
Reflexão do Evangelho
de Quinta-feira 15 de outubro
Lc 11, 47-54 - Contra
os fariseus e escribas (III)
Os
escribas e fariseus substituem o espírito da Lei, que tem por base o amor a
Deus e aos homens, por suas tradições humanas e múltiplas normas rituais.
Surdos aos profetas, eles já tinham perdido o sentido profundo de suas
palavras, e esqueceram-se das recomendações do profeta Miqueias, que exortava
“a praticar o direito, a amar a misericórdia e a caminhar humildemente com o
seu Deus”. Porque citam os profetas, mas não os traduzem em suas próprias
vidas, Jesus denomina-os cegos e hipócritas. Admoestações duras e severas, mas
não condenatórias. O objetivo de Jesus é levá-los, diz S. Cirilo de Alexandria,
“à prática de julgar, reta e impecavelmente, seus semelhantes sem jamais
abandonar a misericórdia e a sinceridade”.
A palavra hipócrita significa usar máscara ou
fazer algo para chamar a atenção dos outros sobre si mesmo. Os escribas e
fariseus, que devotavam suas vidas ao estudo da Lei de Deus, dominados pela
vaidade, consideravam-se seus únicos e autênticos intérpretes. Às demais
pessoas, eles impingiam numerosas exigências e, em seu zelo confuso,
distanciavam-se da perspectiva de Deus e de seus propósitos a respeito da Lei,
chegando ao extremo de legislar sobre pequenas e insignificantes coisas. Em seu
rigorismo, eles acresciam aos dez mandamentos e aos preceitos divinos milhares
de pequenas regras e regulamentações, que deveriam ser cumpridas pelo povo.
Indignado, Jesus não se cala. Recrimina-os por negligenciarem o mais
importante: a justiça, o amor a Deus e os cuidados devidos aos necessitados,
fracos e doentes.
No
entanto, a Lei mosaica não é abolida por Jesus, tampouco as tradições
particulares. Elas conservam a sua importância, como Ele próprio acentua: “Pois
nelas preparamo-nos para as grandes coisas”. Seu intuito é corrigir a
perspectiva dos seus ouvintes, para que eles não tomem o secundário pelo
essencial ou, no dizer de Orígenes, para que eles não se fixem no sentido
literal das Escrituras, esquecidos do sentido espiritual, ao qual Jesus remete
constantemente. Para exemplificar, Orígenes cita a prescrição de lavar o
interno dos copos para não se manchar, perguntando: “Estariam eles, com essas
práticas, preparando-se realmente para a purificação do próprio pecado? ” Na
realidade, eles não vão além do sentido literal da Lei e, por isso, não são
capazes de entender as palavras de Jesus como apelo à conversão e à mudança no
modo de pensar, agir e viver.
Comentários
Postar um comentário