Reflexão do Evangelho de quinta-feira 22 de outubro
Reflexão do Evangelho
de quinta-feira 22 de outubro
Lc 12, 49-53 - Jesus
diante de sua Paixão (sinal de contradição)
O sol surgia no
horizonte. A cidade despertava. Parecendo romper as barreiras do mundo físico,
a voz do Senhor soou forte: “Eu vim trazer fogo à terra, e como desejaria que
já estivesse aceso! ” Pasmos, os discípulos se perguntavam: Que fogo é esse? Certamente,
não o fogo vingador ou o da Geena, mas aquele anunciado por S. João Batista, o
fogo do batismo que confere nova vida. Dizia João: “Eis que virá quem vos
batizará com o Espírito Santo e com fogo! ” (Lc 3,16). “Esse fogo – comenta S.
Cirilo de Alexandria - é a salvífica mensagem do Evangelho, é o poder dos
ensinamentos do Messias. Poder que inflama a terra e conduz os homens a uma
vida de piedade e de amor”. Com a sua vinda, qual fogo divino, brilhou a fé, a
caridade iluminou a todos e resplandeceu a justiça. Palavras lembradas pelos
Apóstolos, no dia de Pentecostes, quando receberam o Espírito Santo
precisamente sob a forma de línguas de fogo.
Em forma de paráfrase
ao texto bíblico, Orígenes escreve: “Quem está perto de mim, diz Jesus, está
perto do fogo; quem está longe de mim está longe do Reino”. O fogo fala de proximidade
a Cristo, provocando a alternativa: estar ou não nele, deixar-se queimar por
Ele ou se excluir do Reino. Assim, no silêncio do amor, o Senhor, o Filho de
Deus encarnado, nosso Salvador, espera por nossa decisão, pois, desde aqueles
dias, há os que não o acolhem, os fariseus e doutores da Lei, por não admitirem
que o Messias anuncie o Evangelho do amor e da misericórdia, e abrace a cruz
como caminho de salvação. Mas há os que estão abertos à sua pregação e seguem
com todo empenho o itinerário da cruz e do serviço, o mesmo percorrido por
Jesus até o Calvário. Realizam-se assim as palavras do velho profeta Simeão,
dirigidas ao menino Jesus, declarando-o “sinal de contradição”, o que é
lembrado pelo próprio Senhor, ao dizer: “Numa casa com cinco pessoas, estarão
divididas três contra duas e duas contra três”.
A vinda de Cristo, tempo de decisão, nos reenvia
ao fim dos tempos, mas também ao hoje totalmente atual. A verdade da Palavra de
Jesus é força purificadora e renovadora, que como uma espada penetra nossa
condição de morte e de divisão, para tudo preencher de luz e de esperança. O
que significa isso para nós? Porventura, está o nosso coração fechado à
misericórdia e ao amor? Depende de nossa decisão. A opção por Jesus transfigura
o intelecto, a força e o desejo, e nos torna sinal profético de solidariedade e
de doação fraterna, pois o amor ao próximo resulta do amor a Jesus e a acolhida
do pobre significa adesão de vida a Cristo, independente do grau de consciência
daquele que o acolhe.
Comentários
Postar um comentário