Reflexão do Evangelho de Terça-feira 13 de outubro
Reflexão do Evangelho
de Terça-feira 13 de outubro
Lc 11, 37-41- Contra os
fariseus e escribas (I)
A
responsabilidade de uma ação compreende o fato ocorrido, o conhecimento das
circunstâncias e as suas consequências, que podem ser ou não nefastas e
prejudiciais. Jesus alerta os fariseus,
pois se eles são responsáveis por uma palavra casual, sem graves consequências,
tanto mais por todas as palavras injuriosas e prejudiciais, como as blasfêmias
proferidas contra a sua pessoa. Jesus não os condena, simplesmente, exorta-os a
assumir responsavelmente suas palavras e atos, no nível subjetivo de suas
intenções, porque para nada vale a prática externa se não assumem interiormente
a autoria de seus atos e palavras.
Mas os fariseus
permanecem exclusivamente no aspecto externo, ansiosos e preocupados somente
com a aparência e o reconhecimento dos outros. Então, voltando-se para eles,
Jesus exclama: “Ai de vós fariseus, purificais o exterior do corpo e do prato,
e por dentro estais cheios de rapina e de perversidade! ” Palavras de dor e de
indignação perante a superficialidade ou a hipocrisia dos fariseus. No máximo, é
uma ameaça profética, dirigida não só aos fariseus, mas também aos discípulos, que
são convidados a estar de prontidão para não caírem num “farisaísmo” análogo ou
numa sabedoria orgulhosa, alimentada por um idealismo arrogante.
Antes,
o profeta Isaías já tinha proferido cinco “ais”, num forte apelo para que não
se tomasse o mal como sendo um bem, causa de perigosa perversão da consciência.
Nesse sentido, a metáfora empregada por Jesus é bastante clara. S. Cirilo de
Alexandria lembra que “Jesus fala de lavar a parte interna e externa de um
cálice ou de um prato para mostrar que os fariseus podem parecer limpos
exteriormente, embora, na realidade, estejam cheios de ganância e de maldade em
seus corações”. S. Ambrósio escreve: “Para que o corpo esteja limpo, é
necessário que o conteúdo do cálice esteja puro, graças à esmola, à
misericórdia e à Palavra de Deus”.
A
insistência de Jesus visa, afirma S. Hilário de Poitiers, “condenar a
preferência dada às observâncias humanas em detrimento das orientações dos
profetas: respeitam-se opiniões vazias e transgride-se o que devia ser
respeitado. Por exemplo, os ornamentos do altar e do Templo lá estavam tão somente
para imitar a beleza das realidades futuras. Por essa razão, Cristo reprova que
o ouro e a oferenda sejam honrados mais que o Templo e o altar, mais que o
mistério”. Para Jesus, as purificações rituais e as práticas exteriores não
conduzem, automaticamente, ao cerne da verdadeira piedade, à entrega generosa e
confiante a Deus. Ora, não se abrindo à luz divina, que ilumina o interior do
homem, os fariseus não entram no Reino de Deus e impedem a entrada daqueles que
os ouvem. A atitude farisaica obscurece o mais importante: o amor a Deus e ao
próximo.
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