Reflexão do Evangelho de quarta-feira 18 de novembro
Reflexão do Evangelho de quarta-feira 18 de novembro
Lc 19, 11-28 - Parábola dos talentos
Jerusalém está bem próxima. Jesus já
antevê a cruz como o serviço supremo a ser realizado por Ele para a salvação da
humanidade. Nessa situação de expectativa, compreende-se o fato de os
discípulos pensarem que o Reino de Deus ia se manifestar imediatamente. Por
isso, visando arrefecer o entusiasmo pela instauração próxima do Reino, Jesus
lhes conta a parábola dos talentos.
Um homem, de nobre origem, viaja
para longe e distribui a dez de seus servos uma quantidade de bens materiais
ou, no dizer bíblico, alguns talentos, que eles deverão restituir com lucro. A
confiança depositada neles é grande, pois eles poderiam usar seu dinheiro como bem
entendessem. Alguns são fiéis e multiplicam o que receberam, obtendo a devida recompensa.
Mas um deles, que os guardou embrulhados num lenço e nada lucrou, tem como
punição a transferência, até do que lhe tinha sido entregue, aos servidores
fiéis.
Segundo a parábola, cabe a cada um a
responsabilidade de produzir mais ou perder tudo. Em termos espirituais, o
discípulo avança em direção a Deus ou retrocede, pois a vida espiritual é
compreendida como um combate incessante, denominado “luta invisível”, em que o
fato de não produzir torna-se uma regressão. Os dons recebidos, sem ofuscar a
beleza da mensagem evangélica, fecundam nossa vida humana em seu ser e agir, aperfeiçoando-nos
e conformando-nos à imagem e semelhança de Deus. No dizer de S. Boaventura, “o
dom de Deus, se ele for acolhido, torna o homem mestre dele e do universo. A
criação não será um oceano de passividade. Ela é Deus infinitamente fecundo,
engendrando filhos, que conduzem a Ele a criação inteira e a humanidade; não
meras pedras inanimadas, mas membros vivos” (Étienne Gilson).
Esse crescimento ou ascensão, que
converge para a grandeza indizível da comunhão com Deus, é gradual. Seu ponto
de partida é a visão realista de si mesmo, pois, segundo S. Isaac, “aquele que
conhece a si mesmo é maior do que aquele que viu os anjos” (S. Isaac) e o princípio-chave,
que o orienta, se expressa na fórmula: “gratia supponit et perficit naturam”. Assim,
a natureza, aperfeiçoada pela graça, cruza o portal da esperança no encontro
com o seu Senhor. Natureza e graça não são duas realidades que se justapõem, porque
é justamente pelo dom da graça que a natureza atinge a sua perfeição.
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