Reflexão do Evangelho de quinta-feira 26 de novembro



Reflexão do Evangelho de quinta-feira 26 de novembro
Lc 21, 20-28 - Jerusalém cercada, a desolação.


        Um raio de sol, último reflexo do crepúsculo, beijava o pináculo do Templo. O olhar pensativo de Jesus despertava temores no coração apertado dos Apóstolos, que avistavam, ao longe, os guardas de Pilatos, protegendo os inúmeros peregrinos, que chegavam para as festas. As palavras do Mestre adquiriam um colorido diferente e mil temores os assaltavam. Ele predizia a destruição de Jerusalém: “Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei que está próxima a sua desolação”. O termo desolação, em grego “erémwsis”, sugere um lugar deserto, em que as pessoas se sentem abandonadas e sós, ou, em sentido religioso, o esquecimento da Aliança com Deus e a ausência de afeição às realidades divinas.
 Só mais tarde, os Apóstolos compreenderão que o Mestre aludia à sua paixão e morte. No entanto, a visão desoladora do mundo só será superada após a ressurreição de Jesus, quando, para além da realidade perecível, eles pressentirão a beleza, a sabedoria e a grandeza da vida nova no Ressuscitado. Mas no seguimento do Mestre, sem perder a identidade pessoal, eles já percebem se formando neles o corpo transfigurado, fruto do amor misericordioso do Senhor, no qual eles foram incluídos desde que Ele assumiu a nossa humanidade e nasceu de Maria.  
Por conseguinte, o homem novo participa da vida eterna, não como realidade simplesmente futura, mas como parte integrante do mundo atual. Por isso, o Apóstolo S. Paulo irá proclamar que Cristo ressuscitado está conosco “todos os dias até a plenitude dos tempos”, quando então Ele estabelecerá a vitória definitiva sobre a morte, tornando-nos imortais. Cada qual, no termo da vida terrestre, imerso no infinito horizonte do amor divino, alcançará sua total realização, e a criação de Deus se concretizará definitivamente: nós seremos configurados à sua imagem e semelhança, sentido pleno para o qual fomos criados.

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