Reflexão do Evangelho de terça-feira 17 de novembro
Reflexão
do Evangelho de terça-feira 17 de novembro
Lc 19,
1-10 - O chamado de Zaqueu
Jesus entra na cidade de Jericó. Uma
multidão acotovela-se e se comprime ao seu redor. Um homem, chamado Zaqueu, de
pequena estatura, publicano, recolhedor de impostos, deseja vê-lo. Mas como não
era benquisto pela população, que o via a serviço dos dominadores romanos, ninguém
lhe cede lugar. Movido pela curiosidade ou pelo forte desejo de receber o dom
espiritual da vista, ele corre à frente e sobe numa árvore junto ao caminho, por
onde Jesus devia passar.
Ao
longo do Evangelho, S. Lucas testemunha o fato de Jesus se dirigir a todos, homens
e mulheres, pobres e ricos. Agora, levantando os olhos, Ele vê aquele pequeno
homem, muito rico, pendurado entre os galhos de um sicômoro, e diz-lhe:
“Zaqueu, desce depressa, porque hoje devo hospedar-me em tua casa”. Jesus o
chama pelo nome, para significar que Deus se recorda dele, com misericórdia. Mas,
apesar de ter proposto aos seus seguidores o despojamento total, Ele não o
condena por ser rico, o que leva S. Ambrósio a observar que “o mal não está nas
riquezas, mas no fato de não usá-las bem”. A cena nos surpreende. É o próprio
Jesus que se convida para ir à casa de Zaqueu, que ao acolhê-lo recebe o dom gratuito
da justificação e a possibilidade de viver de acordo com o significado do seu
nome, “o puro”.
O
relato do encontro com Zaqueu vem logo após o milagre da cura do cego de Jericó,
o que sugere uma correlação entre ambos. Nesse sentido, escreve S. Ambrósio: “Zaqueu
subiu ao sicômoro, o cego permanece à beira do caminho. O Senhor olha o cego com
compaixão e engrandece o outro com o esplendor de sua visita; interroga um
porque deseja curá-lo, vai à casa do outro, sem ter sido convidado, pois sabia
quão grande era a recompensa para quem o hospedasse”. Nesse mesmo sentido, S.
Agostinho afirma que “tendo acolhido Zaqueu no coração, Jesus condescendeu ser
hóspede em sua casa para infundir-lhe a graça da salvação”.
Zaqueu
nasce para uma vida nova. Sem limitar-se à Lei, ele vai além do que ela exigia:
dá a metade de seus bens aos pobres e usa a outra metade para reparar o dano
causado aos que ele tinha defraudado. Porque o Inefável bateu à porta do seu
coração, aquele que era desprezado pelo povo, acusado de ser um pecador
perdido, torna-se “filho de Abraão”. Então, uma certeza se nos impõe: Jesus
quer se encontrar “hoje” conosco, para nos oferecer a salvação e nos levar a
partilhar o que temos com os nossos semelhantes.
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