Reflexão do Evangelho de sábado 07 de novembro



Reflexão do Evangelho de sábado 07 de novembro
Lc 16, 9-15 - Deus e o dinheiro
      

       Jesus não está à procura de servos, mas sim de irmãos ou de amigos que tenham por Ele um amor desinteressado. Nesse sentido, Ele coloca os discípulos diante da escolha entre Deus e o dinheiro, devendo optar por um ou por outro senhor, pois “ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não se pode servir a Deus e ao dinheiro”. Palavras que incomodam os fariseus, não só por causa do amor deles pelo dinheiro, mas por contrariar a atitude tradicional do judaísmo que considerava a prosperidade terrena como sinal do favor de Deus. O desejo de Jesus é levar seus ouvintes a uma nova hierarquia de valores, ao primado do espírito sobre a matéria, e desse modo restituir-lhes o dom divino de amar como Deus os ama. No suor do coração, os discípulos hão de partilhar seu próprio ser. Neles, realiza-se a bem-aventurança dos pobres em espírito, pois deixam de ser escravos de si próprios e dos seus interesses, e abrem-se aos seus semelhantes, solidários com os sofredores e necessitados.
A sentença decisiva: “Ninguém pode servir a dois mestres”, urge que todo discípulo tome uma decisão por um ou por outro mestre, entendendo por mestre aquele que comanda o modo de pensar e os ideais de quem o segue. A voz de Jesus soa como um desafio, porque aquele que opta pela riqueza converte-se em inimigo de Deus. Daí o fato de Ele repetir, com insistência: “Deus ou a mamona”. O termo mamona alude a Mamon, deus da fortuna para os gregos, e, em sentido semítico tardio, a “dinheiro, propriedade, posses”. A opção por Deus afasta a ansiedade e a dubiedade do coração do discípulo, para que, livre de toda inquietação (mérimna, preocupação), ele possa alcançar a serenidade e a tranquilidade de espírito, na certeza de que seu verdadeiro tesouro encontra-se nas bênçãos do Pai, sempre atento a cada passo seu e que conta “até os cabelos de sua cabeça”.
Esvaecem-se o medo e a insegurança, e o discípulo é impelido a abrir seu coração e seus pensamentos ao amor misericordioso do Pai, em quem confia totalmente. Caso contrário, comenta S. João Crisóstomo, “sem Deus, nada subsistiria e pereceríamos todos inevitavelmente com as nossas preocupações, inquietudes e fadigas”. Em outras palavras, quem serve a Deus não pode fazer da riqueza o fim supremo de sua vida, mas há de tê-la como meio para promover o bem do próximo, pois ela está sujeita a uma dívida social no sentido de que deve servir não exclusivamente ao proprietário, mas também à promoção dos outros, especialmente dos mais pobres, que S. Gregório de Nissa denomina “ecônomos de nossa esperança e guardiães do Reino”.

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