Reflexão do Evangelho de domingo 21 de fevereiro
Reflexão
do Evangelho de domingo 21 de fevereiro
Lc
9,28-36 - Transfiguração do Senhor
A fonte de inspiração e a referência essencial da vida cristã é a nossa
solidariedade com Jesus, melhor, a inclusão nele de nossa humanidade
regenerada. Nossa vida, morte, dor, sofrimento estão incluídos na obra
redentora de Jesus. Sua ressureição é a vitória definitiva do primeiro de todos
os homens, é a luz que ilumina nosso futuro, mas também o momento presente,
pois na Transfiguração evidencia-se a certeza de que o homem, caído em Adão,
reergue-se em Jesus e participa, desde já, da vida feliz e eterna em Deus.
No
alto da montanha, contemplando a face do Cristo transfigurado, os Apóstolos
sentem-se inebriados, e, pasmos, desejam perpetuar aquele momento: “Façamos
três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”.
Emocionados, veem Jesus falando com Moisés, o grande legislador de Israel, e
com Elias, o maior dos profetas. Eles partilham da glória de Cristo. De fato, a
humanidade de Jesus, longe de se evaporar na glória celeste, permite que os
Apóstolos contemplem a luz eterna de sua divindade e compreendam que, em sua
vitória, o ser humano se reergue e é, desde agora, misteriosamente vencedor. No
Messias humilhado e sofredor da cruz, nós seremos tocados pelo Filho do Homem,
que nos conduzirá ao Reino misericordioso do Pai; agora, nós o conhecemos de um
modo diferente, transfigurado, cativante, com o fascínio irresistível daquele
que cria ao seu redor uma atmosfera de paz, de amor e de alegria.
Realidade
consoladora e reconfortante, que leva o Apóstolo Pedro a exclamar: “Rabi, é bom
estarmos aqui”. Palavras que falam de uma união mística com Deus e que, mais
tarde, extasiado, levará S. Gregório Palamas a confessar: “Se o corpo deve
tomar parte, com a alma, dos bens inefáveis no século futuro, é certo que
também deles deve participar, na medida do possível, desde esta vida”. Na
realidade, a Transfiguração de Jesus assegura-nos que, graças à misericórdia
divina, teremos também, na medida de nossa fé e de nossas obras, de nossa
esperança e de nossa caridade, um corpo transfigurado semelhante ao corpo
glorioso do Senhor. Lá, no alto do monte Tabor, engalanado de luz, Jesus
prenuncia o nosso estado glorioso no céu, onde o brilho da alma, na comunhão
com Deus, tornará nossos corpos transfigurados, livres dos incômodos terrestres
e participantes da glória de Deus. Realizam-se, desde já, as palavras do
Apóstolo: “Cristo em vós, esperança da Glória” (Col 1,27).
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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