Reflexão do Evangelho de sexta-feira 26 de fevereiro



Reflexão do Evangelho de sexta-feira 26 de fevereiro
Mt 21,33-43.45-46 - Parábola dos vinhateiros homicidas
      

       Através das parábolas, que retratam o cotidiano da vida, Jesus sugere uma nova possibilidade vivencial: alegria, coragem, segurança, características da mensagem da vinda do Reino de Deus. Consequentemente, afastam-se do coração de seus ouvintes a frieza interior e a insensibilidade da alma.  
Nesta parábola, Jesus narra o episódio do dono de uma vinha, que, após equipá-la devidamente, parte para longe, deixando-a entregue a alguns arrendatários. Ao chegar o tempo da colheita, ele envia seus servos para receber a parte que lhe é devida. Os arrendatários da vinha, armados de agressiva violência, os submetem ao mesmo tratamento, que fora dado por Israel aos profetas: eles são rejeitados, maltratados e, até mesmo, mortos. Ainda que um deles retorne ao dono da vinha, a quem cabe parte dos frutos, ele estará com as mãos vazias. Essa reação violenta dos vinhateiros, que representam o povo da Aliança, destaca S. João Crisóstomo, “supera em sua atitude sanguinária a dos pecadores e publicanos”.
       Após diversas tentativas inúteis, o proprietário resolve enviar seu próprio filho, designado como “o herdeiro”, imaginando que, certamente, ele seria poupado. Mas a força da ganância é indescritível; ela domina os vinhateiros a tal ponto que, movidos pelo desejo de se apoderarem da herança, “eles o agarram e, lançando-o para fora da vinha, o matam”. Se antes, eles tinham negado respeito à autoridade legal dos representantes do dono da vinha, agora, eles rejeitam o próprio filho, o herdeiro, com plenos direitos sobre ela. Morto, ele é lançado fora de sua própria vinha. Os chefes religiosos compreendem que Jesus está aludindo a Ele próprio, o Filho, enviado pelo Pai celeste. “Por isso, comenta S. Irineu, o Pai consignou a vinha, já não mais cercada, mas dilatada por todo o mundo, a outros colonos que dêem fruto ao seu tempo, com a torre de eleição levantada no alto firme e formosa; porque em todas as partes resplandece a Igreja; e, em cada lugar, está cavado, ao redor, o lagar, pois sempre há os que recebem o Espírito”.
       Destituídos os primeiros arrendatários, a responsabilidade da vinha é transferida a um povo, que há de produzir, qual nova plantação de Deus, frutos a seu devido tempo. Exclama S. Agostinho: “Que se desperte no homem ‘a sede interior’, que se lhe abra ‘o olhar interior’ e ele possa contemplar a luz, luz que ninguém poderá obscurecer”. Lançado fora, morto, o Filho se torna a pedra angular de um novo Povo, que, restaurado em sua grandeza, produzirá, segundo o Apóstolo S. Paulo, “frutos do Espírito” (Gl 5,22): é o Reino de Deus, sussurro, brisa suave, que se inscreve na história como reino de misericórdia, de justiça e de paz!  

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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