Reflexão do Evangelho de quarta-feira 17 de fevereiro



Reflexão do Evangelho de quarta-feira 17 de fevereiro
Lc 11,29-32 - O sinal de Jonas
      
        Atenta, a multidão ouvia Jesus falar que o amor a Deus e aos homens era mais importante do que as múltiplas tradições e prescrições, estabelecidas pelos fariseus e escribas. Em sua incredulidade, estes o rejeitavam e deixavam transparecer certa aversão por Ele, o que bem podia refletir uma ponta de inveja, porque até então eles se tinham como único padrão e critério da verdade e da ortodoxia. Não obstante isso, eles lhe pedem um sinal do alto.
        A resposta de Jesus, calma e desafiadora, remete-os ao profeta Jonas, que Ele apresenta como figura de sua morte e ressurreição. O povo de Nínive, descrito em seu processo de penitência e conversão, simboliza o povo libertado por Deus. Porém, fitando os que lá estavam, sem titubear, Ele os compara a uma geração adúltera e perversa. Ao ouvi-lo, os olhos deles se enchem de espanto e, indignados, resmungam entre si: “Não é possível. Essas palavras não podem ser aceitas em silêncio”. Mas sem se alterar, Jesus continua a anunciar a vitória da graça divina, e “sua Palavra, no dizer de Orígenes, não eram dons corruptíveis como o ouro ou os aromas, mas sim o perfume espiritual da fé, o suor da virtude e o sangue do martírio”. 
Ele rejeita a casuística judaica como também outras explicações da Lei, pois seu poder é manifestação da bondade de Deus e fonte de liberdade para quem está disposto a recebê-lo. Nesse sentido, suas palavras não são consideradas normas jurídicas, mas princípios fundamentais, que hão de nortear o agir de seus discípulos, em situações diversas, segundo a época e a cultura de cada povo. No entanto, os fariseus e escribas, por não reconhecerem sua autoridade, não acolhem seus ensinamentos e se afastam com ares ameaçadores. Os que creem nele, guiados pela liberdade da fé, que descerra a cegueira interior do coração e permite contemplar em suas palavras a grandeza da misericórdia divina, se estreitam em torno dele. A esse respeito, comenta S. Pedro Crisólogo: “Aos judeus que pediam um sinal, Ele decidiu dar um único sinal, para que eles soubessem que a glória messiânica é transferida às nações, a todos os povos”.
Assim como o povo de Nínive, diante da pregação de Jonas, orientou-se para Deus, também agora, todos são exortados a acolher a Palavra de Jesus, para que, uma vez convertidos, sejam perdoados e reconciliados com Deus. A eles, Jesus promete da parte de Deus: a garantia de salvação e de libertação, dando-lhes a possibilidade de acolher, em sua pessoa, o Reino de Deus. Vale dizer; exige-se a conversão que aparece aqui como graça divina que dá lugar à misericórdia de Deus, na qual todos têm um novo início e uma nova esperança.



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