Reflexão do Evangelho de terça-feira 23 de fevereiro
Reflexão
do Evangelho de terça-feira 23 de fevereiro
Mt 23,
1-12 - Hipocrisia e vaidade dos fariseus
Autoridades religiosas, mais precisamente, alguns fariseus não tinham em vista
louvar a Deus, mas serem reconhecidos e exaltados pelo povo, como cumpridores
do ideal do judeu observante. Esvaziavam as leis divinas de sua verdadeira
intenção, estabelecendo regulamentos humanos, que impunham como normas
obrigatórias para o povo em geral. Ao contrário deles, os ensinamentos de Jesus
refletem simplicidade e um modo compreensivo de interpretar a Lei, razão que os
leva a rechaçá-lo e a considerarem sua atuação como “contra a Lei”. Sem se
intimidar, e evitando resvalar numa religião do “ópio”, que amorteceria o
sofrimento e a humilhação dos pequenos com falsas promessas, Jesus quer
libertar seus ouvintes da visão de um Deus “déspota”, que escraviza e tolhe a
alegria da vida.
Por isso, após ter confundido os herodianos, saduceus e escribas, Ele agora se
dirige aos fariseus, rigorosos e tradicionalistas intérpretes das mínimas
prescrições da Lei. É justamente essa substituição da Lei de Deus por normas
humanas, que é rejeitada por Jesus, ao dizer-lhes: “Ai de vós, fariseus, sábios
e guias espirituais! Hipócritas! ”. A multidão e os discípulos escutavam o
Mestre, com prazer. Se os fariseus levavam o povo a se sentir amarrado por
prescrições e interpretações casuísticas, Jesus apregoava que tudo que vem de
Deus, fonte da verdade, liberta e traz paz e felicidade. E não só. Ele alerta
sobre o perigo de que a mera observância exterior das prescrições de pureza
legal esteja escondendo uma impureza interior; quem vive assim “é como um
sepulcro caiado”. A crítica de Jesus não atinge diretamente a Lei ou as suas
prescrições, mas sim a atitude e a mentalidade com que os fariseus as
observavam. Para Ele, não existe espaço para o casuísmo, tampouco para os
pesados fardos impostos nos ombros dos outros; o que vale é a caridade para com
todos.
A
voz do Senhor, mais afiada do que uma espada, soa como um vivo apelo à
conversão (metánoia) e à vivência interior da fé no amor e na comunhão
fraterna; urge passar do pecado à virtude, do erro à verdade. Se muitos deles
afastam-se de Jesus, porque incapazes de observar o sentido mais profundo da
Lei: o amor a Deus e ao próximo; muitos outros se convertem e compreendem,
segundo Orígenes, que “os verdadeiros discípulos de Jesus ligam a Lei de Deus à
mão, pela prática das boas obras. Jamais fazem dos mandamentos penduricalhos
diante dos olhos de sua alma”. Alusão aos fariseus, que escreviam o Decálogo da
Lei em finos pergaminhos, levando-os dobrados e atados em suas frontes, pois
julgavam estar assim cumprindo os mandamentos da Lei.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo,OFM
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