Reflexão do Evangelho de sexta-feira 12 de fevereiro
Reflexão
do Evangelho de sexta-feira 12 de fevereiro
Mt
9,14-15 - Discurso sobre o jejum
Apesar de os profetas terem
insistido menos sobre a severidade do jejum e muito mais sobre a conduta justa
e caritativa para com o próximo, os discípulos de João Batista e os fariseus
multiplicavam jejuns e orações. Em Jesus, a voz dos profetas se plenifica. Num
horizonte mais amplo, Ele mostra que a sorte do mundo e o destino do homem
estão intimamente unidos; a transfiguração do homem indica que a figura deste
mundo passará, mas ele não será destruído, será purificado, tornar-se-á melhor.
É a verdadeira criação de Deus: o mundo adquirirá novas qualidades de acordo
com as qualidades do homem ressuscitado. Nesse sentido, o jejum passa a
significar uma renovação do homem e do mundo, de tal modo que, deixando para
trás toda tendência à vitimização ou à teatralização, ele constitui um gesto
religioso que prepara o homem para acolher, de modo incondicional, o Reino como
dom gratuito de Deus.
Para uma melhor compreensão, Jesus
se apresenta como o “noivo” das núpcias de Deus com o seu povo, e os discípulos
são descritos como os amigos do noivo. Aos que criticam os Apóstolos por não
jejuarem, Jesus, com certa ironia, pergunta-lhes: “Podem os amigos do noivo
jejuar enquanto o noivo está com eles? ”. S. Hilário de Poitiers conclui que “o
fato de eles não jejuarem demonstra a alegria dos discípulos com a presença de
Jesus. Nesse período, não se há de jejuar, porque o Esposo está lá e com Ele o
tempo messiânico, tempo de núpcias, de abundância e de alegria”. Mas a
observação do Senhor não lhes escapa: “Quando Ele lhes for tirado, eles
jejuarão”. Ou, no dizer de S. Basílio Magno: “Eles então jejuarão, pois suas
vidas estarão orientadas para as realidades, que ultrapassam os bens
simplesmente materiais e carnais”. Não só, mas pela prática do jejum, os
discípulos estarão proclamando, em seu corpo particularizado, isto é, em sua
individualidade, a sua participação no corpo transfigurado de Jesus.
Em outras palavras, o tempo em que vivemos é
um tempo messiânico, início de nossa transfiguração. Com essa intuição
luminosa, destacando a continuidade do ser humano em sua totalidade, corpo e
alma, S. Agostinho recorda a uma irmã, que se sentia desconsolada pela morte de
seu irmão: “O amor de teu irmão não pereceu, pois ele te amou e ele te ama; ele
permanece conservado em teu tesouro e escondido com Cristo no Senhor”. E, mais
adiante, ele conclui: “Nós não perdemos os que emigraram desta vida antes de
nós: nós os enviamos à outra vida onde nós nos reencontraremos, e onde eles
serão ainda mais caros a nós do que são intimamente conhecidos”.
Comentários
Postar um comentário