Reflexão do Evangelho de sábado 20 de fevereiro



Reflexão do Evangelho de sábado 20 de fevereiro
Mt 5, 43-48 - Amor aos inimigos
      

Oculto em sua humanidade, o Filho de Deus não só se dá a conhecer como “suprema epifania” do amor incomensurável de Deus, mas também nos inclui em sua vida humano-divina. Nele, amamos a Deus e, no mesmo amor concedido a nós por Ele, amamos o próximo. Eis a chave da nossa esperança, com a qual abrimos a porta do nosso coração para entrever o novo horizonte do povo de Israel, renovado por Jesus. Sem negar a afetividade (éros) força natural para o bem, vivemos o amor-doação (ágape), que confere asas à alma e a eleva à paz e à felicidade eterna. Com efeito, a comunhão em Deus, além de superar todas as fronteiras de raça e de preconceitos, torna o éros, força presente no coração humano, e o amor divino (ágape), conaturais à condição humana.
        Por isso, sem qualquer receio, os primeiros cristãos proclamam a total compatibilidade do eros e do ágape, colocando-os no interior do mistério da salvação. Em outras palavras, embora não deixem de assinalar a degeneração do eros em práticas religiosas ou cultos idolátricos, não para negá-lo, mas para propor a sua purificação, eles acentuam a unidade do amor presente na criação e na história da salvação. Nesse sentido, grande foi o mérito de Orígenes, que destaca, na interpretação do Cântico dos Cânticos, a acepção mística e espiritual do eros, ao estabelecer as relações Logos-alma, Cristo-Igreja. A mesma unidade encontra-se no pseudo Dionísio Areopagita, ao referir-se à Bondade e à Beleza: “O que é Belo e Bom, diz ele, é desejável (erastón), apetecível e amável (agapetón) ”.
     Na dinâmica do amor-ágape reconhecemos no outro o “próximo”, ou ainda, nós nos colocamos na condição de fazer-nos “próximo” dos outros. Estabelece-se, assim, a verdadeira unidade na comunhão, seja com os membros da família ou da própria raça, seja com todos os homens, mesmo, com os próprios inimigos. O pecado é reduzido às cinzas e nós, para além da fé e da esperança, que hão de passar, somos introduzidos na esfera espiritual do amor divino: amor não possessivo, amor impregnado de respeito e de afeto desinteressado. Força e energia interior, que tudo atrai e tudo une, ele nos permite viver as palavras de Jesus: “amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei”.

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